Faz de novo, Lamas

Conforme dito aqui no blog, Julio Lamas será mesmo o novo técnico da Argentina até o Mundial de 2014 (ele será apresentado na próxima terça-feira). Pupilo de León Najnudel, o criador e maior incentivador da Liga Nacional da Argentina, Lamas tem 46 anos e passou Olimpia, Obras Sanitárias (seu atual clube), Boca Juniors, Ben Hur e Libertad, além dos espanhóis (sim, o cara é fera demais!) Tau Ceramica, Real Madrid e Alicante (lá ele teve seu melhor trabalho na Europa, quando levou o time da segunda para a primeira divisão na primeira temporada, e na seguinte direto aos playoffs, onde caiu diante do poderoso Barcelona).

O convite a Julio Lamas tem uma simples e singela razão de ser: foi ele o formador da geração campeã olímpica de 2004, e é ele quem deverá fechar as portas dela em cenário internacional e projetar uma próxima fornada de bons jogadores argentinos rapidamente. Foi Lamas, no agora longínquo 8 de junho de 1997, que em sua estréia como técnico da seleção escalou de uma só vez Manu Ginóbili, Pepe Sanchez e Fabricio Oberto (após empate em 75 no tempo normal, vitória contra o Uruguai por 92-85 na prorrogação).

No ano seguinte, Lamas deu adeus a outra boa geração argentina (de Nicola, De la Fuente, Espil e Osela) para efetivar de vez o trio acima citado no Mundial de 1998, primeira competição em muito tempo em que os hermanos (oitavos) chegaram à frente do Brasil (décimo lugar). O time se desenvolvia, crescia, evoluía, mas teria um tremendo revés quando não conquistou a vaga nas Olimpíadas de Sydney no Pré-Olímpico de Porto Rico em 1999. Perdeu um jogo bobo para o Canadá na estreia (77-70) e por isso tombou com os EUA nas semifinais (como eram duas vagas, viram o sonho escorrer pelo ralo). Na equipe estavam Oberto, Ginóbili, Nocioni, Herrmann, Leo Gutiérrez e Gabriel Fernández, todos campeões olímpicos em 2004.

Com a seleção entre 1997 e 1999, o treinador fez 80 jogos (49-31), mas seu maior resultado foi o legado deixado para Rubén Magnano e Sergio Hernandez trabalharem e vencerem. Na Argentina, todos sabem que o artífice daquele timaço que tanto encantou o mundo tem nome e sobrenome. Agora Julio Lamas está de volta, e o recado da Confederação local é muito simples: "faz de novo que a gente quer ver, Lamas". É bom não desconfiar de quem tão bem ensinou aos hermanos.