sábado, 13 de junho de 2009

Dia dos Namorados, por Marcelo Barreto

Hoje é a vez de Marcelo Barreto, do Sportv, lembrar da conquista de 1994 . Como repórter do O Globo à época, ele viu aquilo tudo com um ar de surpresa e alegria. Eu agradeço a ele pelo texto, que ficou bem legal. Vamos às palavras:

"Passei o primeiro Dia dos Namorados de minha história com Simone, hoje minha mulher e mãe de meus dois filhos, na Austrália. Chique, né? O problema é que ela estava em Juiz de Fora. Em 1994, quando a Internet estava longe de bombar no Brasil e o Skype ainda não tinha derrubado os preços das ligações telefônicas internacionais, foi um eu te amo tão caro quanto exótico. Ah, e inesperado também. Eu estava em Sydney cobrindo a final do Mundial Feminino de Basquete, mas pelas contas que tinha feito antes de embarcar, já deveria estar de volta ao Brasil àquela altura do campeonato.

Como quase todo mundo, eu achava que o Brasil não iria muito além de Launceston, a cidade da Tasmânia onde disputou a primeira fase. Foi o que disse a Maurício, da seleção masculina de vôlei, quando o encontrei na escala em Los Angeles. "Elas têm chance de ser campeãs?", ele me perguntou, depois de saber para onde eu estava indo. "Nenhuma", respondi. Mesmo assim, o então capitão fez questão de escrever uma mensagem de apoio a Paula, que enviei por fax ao Globo - sim, naquela época se usava fax! - e me rendeu uma boa matéria na chegada.

Os resultados da primeira fase, como você pode recordar em outros posts deste especial, aumentaram as dúvidas que eu tinha sobre o time: os resultados internacionais mal tinham começado a aparecer (com o Pan de 91 e a dramática classificação para as Olimpíadas de 92); Paula e Hortência há muito procuravam uma base que sustentasse seu enorme talento; o técnico não tinha experiência internacional...

Os outros posts deste especial já explicaram o que aconteceu para que eu estivesse em Sydney no dia 12 de junho de 1994, sentado diante de uma caixinha de Maltesers na área de imprensa, ao lado de Sérgio Barros (então assessor da CBB) e Juarez Araújo (pela extinta Gazeta Esportiva). Éramos os únicos jornalistas brasileiros no Mundial. E já não tentávamos entender o que tinha acontecido. Apenas torcíamos, ao lado da comissão técnica e dos poucos outros brasileiros no ginásio.

Da final, guardo uma lembrança curiosa: um preparador físico chinês subindo nas costas da pivozona, para alongar os ombros dela. O jogo mesmo sequer foi tão tenso. Depois do sufoco nos segundos finais contra a Espanha e da incredulidade que durou até o apito final na vitória sobre os Estados Unidos, já estávamos calejados. Nem precisei esperar um horário decente naquele fuso para ligar para Simone. Como muita gente no Brasil, ela tinha assistido à partida pela TV - e disse que me viu na tela.

Passei o último Dia dos Namorados na África do Sul, vendo a torcida de Rockland, um subúrbio de Bloemfontein, fazer uma festa inesquecível para a seleção brasileira de futebol. Simone estava no Rio, com Nina e Pedro. Foi mais um eu te amo exótico e emocionante".

MARCELO BARRETO

3 comentários:

marcelo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Bert disse...

Muito bom o texto.

Anônimo disse...

Mesmo atrasado, aqui vai meus parabéns a Marcelo Barreto pelo texto e ao Fábio pela iniciativa. Foram momentos que jamais vou esquecer. E como foi bom estar lá cobrindo o Mundial.
Juarez Araújo