sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Do Baú: John Starks

Tinha 17 anos quando pisei pela primeira vez no Madison Square Garden. Foi em 21 de janeiro de 2001, quando os Knicks enfrentariam os Pacers. O jogo estava marcado para o meio-dia, mas antes das nove já estava por lá. Maravilhado. Você pisa num degrau e lembra do Michael Jordan enterrando na cabeça de Patrick Ewing. Passa pela roleta e recorda-se de Allan Houston. E é aí que você pede ao segurança para tirar uma foto ao lado da quadra e vê uma placa em homenagem a John Starks. Mas não fui só eu que enxerguei isso.

Como ele mesmo conta em sua autobiografia (‘My Life’, de 2004), Starks nasceu em Tulsa (Oklahoma) em uma família muito pobre. Passava as tardes carregando as compras dos clientes da mercearia da cidade para complementar a receita do lar. Quando podia, praticava uns arremessos. Foi assim, com o basquete como “supérfluo”, que ele conseguiu uma bolsa para estudar na Universidade de Oklahoma, que acreditava em seu talento e precisava de um ídolo local.

Após quatro anos universitários e uma série de problemas (drogas, brigas e mulheres), o Draft da NBA de 1988 foi cruel: o armador não seria escolhido. Mas o sonho não acabaria ali. Starks se arriscou na WBL e CBL, duas ligas de desenvolvimento, antes de conseguir uma vaga no Golden State Warriors, onde teve problemas com Don Nelson. Após aceitar um contrato de risco com os Knicks em 1990, tentou, logo em seu primeiro treino, enterrar em Patrick Ewing. Tomou um safanão, caiu de uma altura razoável e torceu o joelho. Por legislação da liga, o New York não poderia dispensá-lo enquanto ele não estivesse curado. E sua previsão era de voltar às quadras em não menos que seis meses. Ele voltou em quatro. E não parou mais, mostrando uma determinação e uma “boa arrogância” acima da média.

Apesar de ter todos os motivos para odiá-lo, o armador considera Ewing a sua alma salvadora, pois ele lhe deu carinho e mostrou arrependimento pela sua atitude. Com isso, ganhou confiança do líder do elenco nova-iorquino para se tornar um dos grandes ídolos locais. Um ídolo de carne e osso, com acertos e erros. Um ídolo que conseguia cravar (veja aqui), em uma partida de playoff de 1993, em cima de Horace Grant, dos Bulls. Um ídolo que, no jogo 7 das finais contra o Houston Rockets, arremessou para 2-18 (0-11 no último período), sepultando as chances de título da franquia. Um ídolo que nunca passou dos 20 pontos por partida, mas que não precisava disso. Compensava com defesa, luta e muita raça.

Jogar em Nova Iorque é diferente de qualquer cidade americana. Aprendi isso ao ver que o cerebral Allan Houston era “menos amado” que o louco Latrell Sprewell. Foi assim que John Starks se eternizou com a camisa 3 dos Knicks. Ele era a alma dos Knicks no começo da década de 90. Um lutador, um guerreiro, um vencedor. Por isso ele ainda é amado, lembrado e reverenciado.

5 comentários:

Caique Capel disse...

Fábio, realmente o starks era daqueles que não chegava a ser um Superstar mas todo mundo queria no time...ahuauhauh
Que diga o Horance Grant!!!
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Abraços e parabens pelo blog!

Anônimo disse...

Fabio, eu estive no MSG um pouco antes de você (em 1996) e assisti ao vivo o Starks jogar, no último jogo do Pat Riley como técnico do NY (105-88 para o Clippers), time que ainda tinha o Larry Jhonson, Pat Ewing, etc...no domingo seguinte, já com Van Gundy, ganhou do todo poderoso Bulls (1 dos 10 jogos que os Bulls perderam na temporada e em cadeia nacional) de 104 a 72...

Anônimo disse...

Esqueci de colocar...no jogo do Bulls infelizmente eu não fui, pois tinha um almoço "em familia"...

fábio balassiano disse...

bela lembrança, paulorj! queria muito ter visto o starks jogando no garden! quem sabe eu não o encontro comentando alguma partida... abs, fábio balassiano

Anônimo disse...

Boa matéria Fábio!
Abraço!