quinta-feira, 11 de junho de 2009

O jogo da vida do Bert

O Bert, do PBF, já escreveu isso aqui uma vez, mas reproduzo aquele que é o Jogo inesquecível para o maior especialista em basquete feminino do país. Aquele Brasil e EUA, nas semifinais do Mundial, foi realmente sensacional. Fala, Bert!
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"Envolvi-me com o basquete feminino em 1991, a partir da decisão do Pan-Americano de Havana. Aquela conquista levou a modalidade a um nível de exposição jamais experimentado. Lembro-me de coisas como Boris Casoy anunciando em manchete de telejornal que Paula havia recusado o convite da revista Playboy. Outros tempos...

No ano seguinte, a conquista inédita da vaga olímpica reforçou tal movimento. A campanha ruim em Barcelona, no entanto, era um fim muito melancólico para aquela geração. Dois anos depois, a comissão técnica havia mudado e o clima não era dos melhores na seleção. Paula e Hortência defendiam o mesmo clube (a Ponte Preta, de Campinas) e haviam se estranhado em função de uma discussão de jogo entre a Rainha e Branca, irmã de Paula (e hoje técnica de Americana). O novo técnico (Miguel Ângelo) havia ainda decidido não convocar a pivô Marta Sobral, presença unânime no garrafão até então.

Nesse clima transcorreu a preparação para o Mundial da Austrália, com amistosos com equipes masculinas e viagens pelo Nordeste em confrontos com Cuba, Argentina e Eslovênia. Ao desembarcar na Austrália, a seleção foi atropelada em amistosos contra Estados Unidos e Austrália.

Alguns dias depois a seleção havia conquistado uma vaga na semifinal da competição, após duas derrotas na primeira fase. O adversário era a seleção americana, que conjugava estrelas do quilate de Teresa Edwars e Katrina McClain, com uma nova geração que dominaria o mundo nos anos seguintes (Lisa Leslie, Dawn Staley, Sheryl Swoopes).

Pois naquela madrugada fria de de junho de 1994, elas foram vencidas pela seleção de Paula, Hortência, Janeth, Ruth, Alessandra, Leila, Cíntia, Helen, Roseli, Dalila, Adriana e Simone, no jogo que continua a me arrepiar com a mesma intensidade catorze anos depois".

Veja os momentos finais com a narração de Luciano do Valle. É realmente emocionante.


4 comentários:

Sérgio Maroneze disse...

Fábio,

gostaria de fazer um agradecimento aberto por estares trazendo a público, hoje, um estado de graça vivido por um grupo de pessoas muito interessantes e competentes que nunca fizeram outra coisa senão dar a cara para bater (e olha que bateram...) durante mais de quatro anos à frente de diversas categorias de seleções femininas.

Enquanto estivemos lá, nunca recebemos outra coisa a não ser uma ajuda de custo ridícula da CBB (o meu caso talvez tenha sido o mais emblemático, pois fui à falência, tendo que vender todos os meus bens durante o processo para poder continuar na seleção) e tenho certeza de que todos nós faríamos tudo de novo quantas vezes fosse preciso para trazer o basquete feminino de volta ao lugar que ele tanto fez por merecer.

Foi um grande orgulho ter trabalhado com as pessoas com as quais trabalhei e que hoje sofrem juntas num ostracismo espetacular.

Mais uma vez, obrigado.

Um abração do

Sérgio Maroneze

Alan de Faria disse...

eu vou escrever ainda um post agradecendo-o, fabio, por relembrar a conquista dos 15 anos. Lindas reportagens e ótimos textos... mas, diante de um texto do Bert, e um vídeo com os últimos momentos da partida contra os EUA, eu me emociono...
até mais
se cuida!

fábio balassiano disse...

alan, valeu pela força. o bert é craque.
sergio, eu é que lhe agradeço.
pelas lembranças, pelos nossos papos e pela sua sinceridade de sempre.
o basquete sente muito a sua falta. mas cada modalidade escolhe o seu caminho, não?

sorte e sucesso, pois você merece.
abs, fábio balassiano

Anônimo disse...

BRUNO

Maroneze,me coloco em seu lugar e imagino a frustação do após as comemorações, cairmos na realidade e ver nosso nome sair temporariamente do ostracismo nas datas comemorativas,15 anos, depois 20 anos e dai para frente.
Um dos grandes responsaveis por este tipo de situação é a nossa imprensa,que só valoriza os ídolos,e coloca os técnicos em segundo plano.Os técnicos só veem para o primeiro plano se o resultado não for o esperado,ai ele é o vilão da história e estas mesmas jogadoras que hoje enaltecem uma CT,até então desconhecida.sem antecedentes algum que a credenciasse a dirigir uma seleção brasileira,seriam as primeiras a critica-la.Assim Sérgio, é a regra,neste pais sem memória,sorte sua do Miguel que conquistaram as duas melhores classificações do Brasil até hoje.Veja bem,voce e o Miguel voltaram do Mundial e da Olimpiada,em um momento de alto prestígio em termos de patrocinio do basquete feminino-Nossa Caixa-Cesp Unimep-Lacta-Paulinia-BCN-posteriormente-Microcamp-Data Control-Polti-BCN com maiores investimentos,e voces não foram contratados por nehuma destas equipes,para voces verem como são dificeis o esporte neste Brasil.