segunda-feira, 2 de março de 2009

Um homem de visão

Aos 28 anos, Guilherme Giovannoni é, disparado, um das maiores e melhores cabeças pensantes do basquete brasileiro. Inteligente, crítico e com ótima visão de mundo, o ala-pivô que já cumpre a sua terceira ótima temporada pelo Virtus, de Bolonha (Itália), bateu um papo com o blog e falou sobre absolutamente tudo: seleção, bagagem tática dos treinadores brasileiros, sua atual posição na Europa e muito mais. Confira, mas atenção: a entrevista será dividida em duas partes. A segunda sai amanhã.

BALA NA CESTA: Você vem de duas boas temporadas na Itália, e jogando em uma posição diferente daquela em que foi formado, a posição 4. Como foi essa adaptação, e no que o seu jogo mudou?
GUILHERME: Na verdade, nas categorias de base eu já jogava de pivô. Assim sendo, algumas coisas eu só precisaria dar uma lembrada mesmo. E mesmo nos outros anos aqui na Europa, mais precisamente quando eu joguei em Biella e Kiev, meus técnicos às vezes precisavam fazer com que o time jogasse de uma forma mais dinâmica, então me colocavam para jogar na posição 4. Vendo que a adaptação não tinha sido muito difícil e os resultados, bons, não foi difícil mudar definitivamente de posição.

-- Jogando há muito tempo na Europa, você consegue identificar quais as maiores diferenças entre o basquete do velho mundo e o praticado aqui no Brasil?
-- Eu acredito que o basquete no Brasil parou no tempo, infelizmente. Desde que o Brasil ganhou o Pan de 87, fazendo na época um estilo de jogo que poderia ser considerado uma novidade, ou seja, apostando tudo no ataque e nas bolas de 3, no nosso país muitos técnicos acham que se jogar assim ainda vão continuar ganhando. A única diferença é que o basquete continuou evoluindo, e o mundo inteiro estudou quais eram as novidades em outros lugares pra fazer com que seus jogadores melhorassem. A Argentina, por exemplo e já que no nosso país a gente gosta tanto de falar deles, de tanto cansar de perder pro Brasil naquela época começou a estudar fora do país para encontrar maneiras de ganhar e assim começaram a crescer. Hoje que a história é a contrária não vejo a mesma humildade da nossa parte.

-- Existem duas correntes que falam sobre esta situação: a que defende uma maneira "a brasileira" de jogar basquete, e uma outra que afirma ser mais pertinente implantar um modelo "europeu no Brasil". O que você acha disso?
-- O famoso “modo brasileiro” de jogar é ultrapassado. Se quisermos seguir dessa maneira, continuaremos com os mesmos resultados que temos hoje. O famoso modo Europeu não é um único estilo de jogo. Isso varia de treinador pra treinador. Cada um tem uma idéia diferente de basquete. As coisas que todos os técnicos tentam fazer é com que seus times defendam forte, passem a bola no ataque e não joguem como loucos, fazendo uma boa escolha nos arremessos. Mas no Brasil a gente chama isso de “amarrar” o jogo...

-- Recentemente foi fundada no Brasil a LNB. O que eles poderiam copiar da Liga Italiana, uma das com mais sucesso no mundo? Em termos de marketing e comunicação, como é o trabalho por aí?
-- Espero que dessa vez o campeonato se torne forte como todos nós queremos que seja. Acho que mais que copiar o Italiano, que é muito conhecido também, na minha opinião é o Campeonato Espanhol que deve ser copiado. Não pelo fato da Espanha ser campeã do mundo ou finalista olímpica, mas porque a Espanha investiu muito na Liga ACB há anos, colocando regras em as equipes devem ser profissionais em todos os sentidos. Se um time não paga um jogador, é severamente punido, assim como a equipe que tem melhores resultados esportivos tem uma participação maior na hora de dividir o dinheiro da televisão, por exemplo. Ou seja, se você é bom e faz o seu trabalho direito, você vem recompensado. Caso contrário, não.

-- No Pré-Olímpico de Atenas do ano passado você não jogou por problemas pessoais. Ainda pensa em seleção brasileira? O que precisa mudar para que os resultados voltem a ser como há 20, 25 anos?
-- Eu ainda penso na seleção Brasileira. Muita gente não acreditou que eu tive problemas reais no ano passado, e achou que eu tivesse dado uma desculpa. Não falo mais sobre o assunto porque é uma coisa que diz respeito a mim, a minha esposa e as nossas respectivas famílias. Se o técnico da seleção me convocar, ele pode contar comigo. Sobre o que precisamos mudar, posso falar mais um monte de coisas aqui, mas serei repetitivo. Penso que é um pouco de cada coisa que foi perguntado nessa entrevista.
CONTINUA AMANHÃ...

7 comentários:

Bert disse...

Só não gostei de uma coisa: ter que esperar até amanhã para ler a íntegra.

Excelente entrevista.

Extrema lucidez do Guilherme.

Ab, Bala.

@lisangelo disse...

Excelente entrevista.
Escolha mais oportuna, impossivel.

Anônimo disse...

Otima entrevista.
Ate que enfim uma pessoa lucida dentro do basquete brasileiro.

fábio balassiano disse...

acalme-se, bert! amanhã sai a outra parte. também imperdível.
obrigado ao anônimo e ao lisangelo pela força.

abs, fábio balassiano

Anônimo disse...

Também gostei da entrevista, parabéns.

Anônimo disse...

engraçado o guilherme pq na seleção ele jogava da maneira brasileira chutando bolas igual a um louco

esperava q ele tivesse a mesma atitude da entrevista na seleção

mais acho q marcelinho machado,guilherme,valtinho,baby,jp batista e alguns outros não deveriam mais jogar pela seleção a epoca deles já passou

prefiro apostar no faverani,paulão,tavernari,marcio......etc

parabens pela entrevista

mayrink12 disse...

parabens fabio
show de bola a entrevista
gosto muito do jogador giovanoni
abraço