quarta-feira, 14 de julho de 2010

Pais e Filhos - Parte 2

Se não leu a primeira parte da entrevista de Walter Roese, clique aqui antes de começar a segunda.

BALA NA CESTA: Você é tido como um dos mais promissores nomes da nova geração de técnicos do Brasil. Como é seu método de trabalho, e qual o segredo para fazer jogadores tão novos atuarem como gente grande (sem tantos erros de fundamentos, nada de excesso em bolas de três e muita organização)?
WALTER ROESE: Quando o atleta aceita uma convocação minha, vem para trabalhar comigo e produzirmos resultados juntos. Acho que consegui adquirir a confiança de todos no grupo, e os resultados foram vencedores para todos. Sempre que falo de filosofia, tenho que incluir a minha comissão técnica, pois formamos um grupo. Procurei mostrar para todos que tínhamos que dar o nosso limite se quiséssemos estar no Mundial e no pódio da Copa América. Não tenho dúvidas que durante o trabalho construía um time coeso, focado nos objetivos do todo em detrimento do pessoal. Sobre a preparação em São Sebastião do Paraíso (MG), decidimos que nas três primeiras semanas, na parte da manhã, nos dedicaríamos aos treinamentos físicos, e aqui faço questão de ressaltar o excelente plano desenvolvido pelo professor Diego Falcão. A tarde era destinada aos treinamentos táticos e técnicos. Agradeço, aqui, à CBB pela excelente comissão técnica que colocou a minha disposição (falo de todos: dos médicos, passando pelo supervisor e, claro, do Gustavo, meu assistente que não mediu esforços para que conseguíssemos atingir os objetivos). Com isso conseguimos de forma harmônica fazer com que todos soubessem a sua importância e se dedicassem às suas funções. Quantos aos jogadores atuarem como “gente grande”, foi fácil. Foi só tratá-los eles como gente grande que eles agiram como tal. Fico satisfeito que me vejam assim e confiem no meu trabalho.

-- Agora, qual é a expectativa para o Mundial da Letônia de 2011? Este time provou, contra os EUA e Argentina, que pode brigar de igual para igual contra grandes. É possível pensar em medalha, por exemplo?
-- No meu entendimento, numa competição como um Mundial é preciso vencer e estar no pódio – não gosto “só” de participar. Precisamos estar determinados a vencer e ter o pódio como lugar que desejamos estar. Esta geração aprendeu e sentiu o gosto de ganhar. São vitoriosos, mas temos que continuar a melhorar a cada dia para vermos os objetivos fortalecidos de forma real e não como um sonho. Para que isso se torne realidade, muitos dos atletas que estiveram na Copa América terão que aprimorar seu jogo, melhorar a condição física e começar aprender a jogar em diferentes funções. Se isto não for desenvolvido, teremos enormes dificuldades em 2011. O segredo é começar a trabalhar desde já.

-- Uma frase que você disse me chamou muito a atenção: "Os meninos chegaram aqui numa categoria juvenil e estão retornando adultos". Como foi este processo de amadurecimento dos atletas, e de você mesmo como técnico de uma seleção brasileira de base (fora universitária) pela primeira vez?
-- Não tenho dúvidas de que todos crescemos durante o período que incluiu Colômbia, Alemanha e San Antonio. Aprendi muito com esses jovens. Eles demonstraram muita vontade, sentiram na pele o quanto é difícil se tornar um jogador de alto nível e viram o quanto precisam trabalhar para isto. Durante toda a competição mostraram, em atitudes dentro e fora das quatro linhas, o quanto amadureceram. Sou muito grato a todos atletas pela forma como se dedicaram, buscando seu limite desde o primeiro momento em São Bernardo do Campo (em março). Todos os atletas que participaram de alguma fase dos treinamentos são parte fundamental do sucesso desta seleção.

-- O Walter Roese que terminou a Copa América é o mesmo que começou o trabalho como treinador da seleção sub-18?
-- Tomei conhecimento das críticas que foram feitas a mim (por estar morando há muitos anos nos EUA) e me senti o Tom Hanks do filme Terminal quando assumi este. A Copa América foi muito especial para mim, pois significou que andamos com as próprias pernas e escolhemos as melhores trilhas para chegarmos aos objetivos. Continuo o mesmo treinador que em março ficou em quarto colocado na Colômbia, mas uma virtude que sempre mantive é saber quem somos, de onde viemos e para aonde queremos ir. Isso eu tenho!

8 comentários:

Anônimo disse...

Gostei da entrevista Bala. Me parece que no masculino encontramos o caminho certo, estou muito animada. Excelente quando esse ressalta a importância do seu preparador fisico, pois são poucos os técnicos que tem sensibilidade e identificam a importancia deste dentro de um projeto,ainda mais na base. Boa sorte a essa gurizada e a comissão técnica, que possamos levar o nosso país ao pódio mais uma vez, e que um dia possamos disfrutar desse profissionalismo e essa sensação de estarmos no caminho certo com o feminino também, pois TODAS as categorias de base do basquete brasileiro merecem ter a orientação de profissionais aptos e bem formados para atender esses jovens,como demonstrou o Roese e sua comissão, não somente com resultados, mas também com atitudes que servem de espelho a todos . Na minha opinião essa é a diferença de quem possui habilidades intelectuais, se preparou para a função e possui uma formação academica e especifica para tal, e quem ganha com isso é o basquete brasileiro.Esse é o segredo do voleibol e mais nada, pois talento e grandes atletas graças a Deus possuimos e muito.

Um abraço
Ana

Fábio Carvalho disse...

Se pensamos em um futuro sucessor do Magnano (não quero que ele vá embora tão cedo, muito pelo contrário), acho que temos o Roese como excelente nome.
Só uma coisa Bala, ele era assistente técnico, e agora será técnico principal de outra universidade por lá?
Abraço!

Anônimo disse...

Roese era um dos 5 ass. técnicos ...agora ele volta para ainda ser ass. técnico da BYU Havaí, que é um time da 2a. divisão do NCAA!!!

Marcelo Marques Lover, everybody loves ME i know.

fábio balassiano disse...

xará, o roese continua de assistente no Havaí.

ana, obrigado.

Abs, Fábio.

fábio balassiano disse...

marcelo marques lover, você está enganado.
O Roese é Associate Head Coach na University of Hawaii (Div.1 mesmo!). Ela faz parte da West Athletic Conference, que esse ano teve 3 ou 4 atletas (Fresno State e Nevada) que foram draftados para a NBA.

Abs, Fábio

Anônimo disse...

soh pra deixar claro a todos, associate Head Coach eh o primeiro assistente. Demora muito tempo pra chegar nessa posicao e o Roese chegou esse ano. Se o Roese e' p melhor tecnico do Brasil no momento, nao sei, mas com certeza o mais bem pago e mais gabaritado.

Anônimo disse...

correto Bala, viajei, BYU Hawaii é o cipollini q jogava lá!!!

my bad.

Go Roeses!!

Duda 11 disse...

Roese certamente levou uma experiência grande e um trabalho diferenciado para esses "meninos". Vivendo o basquete norte-americano diariamente, ele pode passar muita coisa para os jovens talentos do basquete brasileiro. Tomara que o trabalho tenha prosseguimento!