segunda-feira, 4 de abril de 2011

Bye, Bye Brasil - Vandinho

Nos Estados Unidos desde 2008, Adjalma Vanderlei Becheli Jr., o Vandinho (42 anos), ainda guarda o sotaque do interior de São Paulo (ele é de Assis), mas já tem muita história para contar. Depois de treinar Paulistano, Ypiranga, São José do Rio Preto (campeão invicto do Torneio Novo Milênio em 2002) e Brusque (disputou um Nacional), Vandinho recebeu convite para ser assistente-técnico do time masculino do College of Eastern Utah (Junior College). Dois anos depois, ele mudou de setor (antes era coordenador defensivo; atualmente, ofensivo) e de lado: hoje exerce a mesma função na equipe feminina. Confira o bate-papo com ele na seção “Bye, Bye Brasil” do Bala na Cesta.

BALA NA CESTA: Você saiu do Brasil muito jovem e agora é assistente-técnico de um Junior College nos EUA. Como foi essa transição e a sua trajetória até chegar ao College of Eastern Utah?
VANDINHO: No começo não foi fácil, pois nos EUA temos que fazer muitas coisas extra-quadra. Além de participar das reuniões técnicas (diárias), os assistentes-técnicos ficam responsáveis pela performance das atletas nos estudos (é muito importante e impossibilita que a jogadora continue atuando em caso de faltas e notas baixas), pelo planejamento de treinos e pela edição dos vídeos. Além disso, mantemos contato com técnicos da High School (colégio), pois as nossas futuras atletas vêm de lá. Meu dia começa às 8h e vai normalmente até às 17h. Mas há vezes que saio pra recrutar e não tenho mais hora pra voltar. Basicamente é recrutar, entrar em contato telefônico com técnicos e atletas e ajudar no planejamento dos treinos e jogos. Quem me ajudou muito e me abriu as portas por aqui foi o Walter Roese, que me indicou para o meu técnico.

-- Você foi contratado para ser o coordenador ofensivo da equipe, mas já trabalhou com defesa também. Depois de ter trabalhado no Brasil, consegue verificar as diferenças e defasagens que há de um grande centro, como os EUA, e o nosso país?
-- As grandes defasagens que vejo são em estrutura e fundamentos do jogo. Aqui em qualquer lugar que você for a estrutura é maravilhosa! Falo em relação a quadra, ao ginásio, academia, refeitório, tudo. É muito incrível. Em relação aos fundamentos, as atletas chegam pra nós já muito bem trabalhadas, pois no colegial isto é feito a exaustão. Não temos que ficar ensinando nenhum fundamento, mas sim aperfeiçoando e colocando dentro da filosofia de jogo da equipe. No Brasil você encontra muita gente que chega ao adulto e não sabe executar os fundamentos de forma correta. Os técnicos do profissional têm de ensinar, portanto, o que ela deveria ter aprendido lá atrás - nas categorias de base.

-- Em seu time há três brasileiras. Poderia falar um pouco mais sobre elas?
-- Nós temos a Priscila Borges (ala), a Bruna Deichmann (ala-armadora) e a Daiana Lima (ala-pivô). A Priscila é bem conhecida aí no Brasil pois sempre esteve nas seleções de base. Tem uma condição atlética muito boa e foi isso que nos chamou a atenção pra recrutá-la. Possui um jogo muito agressivo, um excelente arremesso de média distância e contribuiu muito na parte defensiva (principalmente nos rebotes). Destacou-se muito nesse ano mesmo sendo caloura: foi a nossa cestinha e eleita pro primeiro time da nossa Conferência (a única novata, aliás). A Bruna jogava em Blumenau/SC e tem como característica principal a velocidade. Muito rápida e agressiva quando vai pra cesta, é muito difícil defendê-la em transição. Foi a nossa melhor defensora no ano e terminou em segundo lugar como cestinha (agora está indo jogar na Universidade do Alasca, que tem um dos melhores programas da NCAA Divisão II). A Daiana, do Mato Grosso do Sul, jogou em alguns clubes de São Paulo, tem uma estatura muito boa e consegue correr bem a quadra - pras características do basquete daqui, o pivô tem que correr muito bem para acompanhar o time. Tem um bom arremesso de três pontos, é bem agressiva nos cortes e tem um tempo de bloqueio muito bom.

-- Com a sua experiência nos EUA, passa pela sua cabeça contribuir mais para o basquete brasileiro? Como?
-- Com certeza tenho isso como objetivo futuro. Quero muito colaborar com o basquete brasileiro no que a CBB julgar necessário. Posso colaborar com o conhecimento que adquiri através desses anos todos trabalhando aqui. Posso trocar experiências com os técnicos brasileiros, proporcionando mais oportunidade de intercâmbio por exemplo. Quero ajudar no que for necessário para que o basquete feminino no Brasil volte a crescer e ter o prestígio que sempre teve em anos anteriores.

6 comentários:

sta.ignorancia® disse...

Legal a entrevista.

Uma pena que a CBB não acompanha as jogadoras e os técnicos que estão no universitário norte americano.

A Priscila Borges já mostrou capacidade na época em que jogou nos times adultos de Catanduva e São Caetano, certamente é um bom nome pra uma seleção de novos.

Will disse...

muito legal Bala...

Marco Antonio disse...

Mais uma atleta que está dando bye, bye Brasil.
A Raquel que jogava no Centro Olímpico até o final de 2010 está indo para Oklahoma Baptist University.
Acho estranho que ela não esteja na seleção juvenil permanente, por outro lado é muito bom que ela esteja seguindo tão jovem para os Estados Unidos.

Boa sorte!!!

sta.ignorancia® disse...

Realmente Marco Antônio, não entendi pq o Tarallo não chamou mais pivôs 5 para a seleção permanente. A Damiris está migrando para a posição 4 e a Thamara ainda é muito nova. Deveriam ter chamado ao menos mais uma pivo 5 (Raquel, Milena Santos ou a Isabela Cintra da Mangueira).

Mas enfim, muito legal a Raquel ir para os EUA, lá ela vai aprimorar ainda mais o seu jogo.

Anônimo disse...

Bala, mostra esta entrevista pra Hortência... ela não deve saber que no basquete norte-americano tem braileiros e brasileiras por lá...

Guilherme disse...

Fiz alguns treinos com ele no ano passado, ele é mto bom mato nois em quadra kkkkkkk.
Passo pra nós um dos melhores conceitos de defesa q eu já vi.
Vlw Bala