quarta-feira, 4 de novembro de 2009

A mente por trás da LNB - Parte 2

Perdeu a primeira parte do papo com Sérgio Domenici, Gerente Executivo da LNB? Então clique aqui antes de conferir a segunda!

Bala na Cesta: Que ações de marketing que a LNB traz de para a segunda edição?
Sérgio Domenici: Precisamos transformar o NBB em um grande momento de entretenimento para nossos espectadores e a NBA é um ótimo exemplo para isso. Lançaremos, ainda para esta temporada, nossa primeira linha de produtos licenciados. Uma mascote dos jogos também deverá surgir. Faremos novamente o jogo das estrelas e estamos tentando com a Liga Argentina um confronto para este dia. O site também passará por importantes mudanças de layout, facilidade de acesso às informações e criação de novos conteúdos. O layout dos locais de competição também continuará a receber uma atenção especial com a troca das placas de publicidade, uniformização de todo o staff de quadra e dos materiais de jogo como tabelas e placares além de um piso móvel que poderá ser levado aos ginásios em dia de jogos com TV. Sobre a parte comercial a TV Globo está com um belíssimo material nas agências de propaganda e que em breve estará nos dando um ótimo retorno.

-- O número de patrocinadores continua o mesmo de 2008: Eletrobrás e Spalding, deixando, ainda, a TV Globo a cabo de todo projeto comercial, como você mesmo diz no site da LNB. Esta relação com uma emissora tem seus lados bons e ruins, não? O lado bom é o poder de persuasão que o nome Globo carrega consigo, e o ruim é a falta de autonomia que a entidade tem para gerir os seus próprios rumos. O que você diz a este respeito?
-- É interessante ver muita gente falando em 2008. Isso mostra o quanto fizemos em apenas 10 meses. Nossa última temporada começou em 28 de janeiro de 2009, dessa forma Eletrobrás, Spalding e Araldite são ainda deste ano. Veja, nós temos autonomia para decidirmos qualquer coisa. A Globo é nossa parceira e tem contribuído de forma significativa para nosso sucesso, inclusive com transferência de conhecimento o que, para a gente, tem sido determinante. O sucesso do NBB será o sucesso de todas as partes.

-- Esta concentração de esforços em apenas uma empresa de comunicação (que é imensa e possui braços em diversos meios, diga-se de passagem) não pode ser perigosa para o basquete em um longo prazo (principalmente no tocante à criação de uma cultura esportiva mais sedimentada)? A Rede Globo é a única empresa que transmite jogos Nacionais de basquete no país. O senhor considera essa visão única dos fatos boa, ruim ou indiferente?
-- Não podemos desconsiderar a força da Globo, como você bem disse. Hoje há um tripé acompanhando o NBB: TV aberta, fechada e site. Procuramos outras emissoras antes da Globo aparecer com esta proposta e o que ouvimos não foi nada animador. A Globo não é só uma detentora exclusiva de direitos de transmissão. Ela é nossa parceira e está investindo nesse projeto, e não estou falando somente de recursos, mas de expertise. No nosso treinamento de mídia estavam lá a TV, o Sportv e o Globoesporte.com. Antes do NBB o nacional teve 12 jogos transmitidos e antes disso 24. Somente em nossa primeira temporada tivemos 51 e agora há a previsão de até 55 transmissões. Tivemos mais de 300 mil pessoas nos ginásios, sendo 70 mil somente nas finais e isso há várias razões. Entre elas, está a força de divulgação que a emissora tem. Sobre a sua pergunta, não fosse o tipo de relação que temos com a Globo, acho que os monopólios são, por vezes, bem complicados, mas há uma pluralidade na divulgação do NBB através de todas as mídias que compõem as Organizações Globo. A parceria nos garante o esforço das partes para o sucesso da modalidade. Sendo assim considero muito positiva nossa relação.

-- Por fim, faço uma provocação: como trazer novos parceiros comerciais para a liga e para os times, se a principal parceira (a Globo) não cita o nome dos patrocinadores? Na última Superliga de vôlei, a final entre Rexona e Finasa era descrita como Rio de Janeiro e Osasco.
-- Este é um assunto polêmico, mas devolvo com algumas perguntas. Há quanto tempo o Rexona está no voleibol? Ou a Vivo ou FIAT, CIMED? Essas empresas, pode apostar, estão bem satisfeitas. Antes que alguém argumente, o Finasa não saiu do vôlei por isso e é bem fácil analisar essa questão. Mas qual o time de futebol que tem uma marca associada a seu nome?
Tivemos mais de 138 milhões de retorno de mídia. A final chegou a um pico de 13 pontos na Globo aberta e isso, se não me engano, são mais de 30 milhões de pessoas assistindo e vendo a marca dos patrocinadores nos uniformes dos clubes, além das outras propriedades a que têm direito. Os clubes da NBA, guardadas todas as diferenças, sequer têm patrocínio em suas camisas.
Os argumentos para atrair novos patrocinadores estão mais fortes do que nunca. Produto revigorado, com grande visibilidade e apelo popular. Este é um tema que parece resolvido para a maioria das empresas, a visibilidade que elas têm nos ginásios, no relacionamento com a comunidade e, principalmente, na TV justifica, em muitas vezes, o seu investimento.
Bom NBB para todos.

14 comentários:

Victor Dames disse...

FANTÁSTICO (e não é nenhum trocadilho com o programa global). Fábio, acompanho seu blog a cerca de um ano, e já tinha visto o seu trabalho em alguma emissora que transmitiu a NBA (acho que a TNT, acertei?), mas agora você se superou. Essa entrevista tem perguntas ótimas, bem colocadas, oportunas, éticas e educadas, e tanto por isso, quanto pela qualidade do entrevistado, obteve respostas ótimas. A visão comercial do Sérgio é algo que talvez falte a várias modalidades no Brasil, atrevo a dizer até ao futebol. Parabéns pelo excelente trabalho jornalístico, Balassiano. Jornalistas ímpares como você são sempre bem vindos ao mercado da informação. Tratam tanto a notícia quanto os leitores com igual respeito.

Abraços!

adriano disse...

Bala, essa é, pra mim, sem dúvida, sua melhor entrevista. As perguntas são importantes, e o Domenici não se esquivou de nenhuma, respondeu todas bem e ainda deu várias novidades. Parabéns pelo excelente trabalho! Abraço!

fábio balassiano disse...

fala, adriano. com a maior humildade, digo que também considero essa uma das minhas melhores entrevistas. o sérgio foi fantástico nas respostas.

tem umas novidades absurdas aí mesmo.
abs, fábio

fábio balassiano disse...

fala, victor. obrigado pelos elogios.

Eu comentei alguns jogos na Globoesporte.com mesmo. Foi divertido e eu gostei bastante.

Infelizmente nunca tive chance em TV - e nem tenho talento para tal, pelo visto.

abs, obrigado novamente pelas palavras, e eu é que agradeço pela sua leitura diária e pelos comentários sempre pertinentes.

fábio balassiano

Unknown disse...

Espero que ele tenha a mesma sagacidade das respostas na sua atuação na Liga. Chega de amadorismo! E realmente, essa entrevista foi de "gente grande" hehe. Parabéns, de seu assíduo leitor.

Anônimo disse...

Fala, Bala. Tava sumido dos comentários, né? Mas continuo lendo quase que diariamente aqui e ao Rebote do Rodrigo.

Ao post:
Gostei muito da entrevista porque o Domenici fez o que se espera de uma entrevista pra um meio impresso. Respostas completas e didáticas. Quanto às perguntas, foram feitas todas em momentos oportunos - me parece, e sem qualquer tipo de constrangimento.

Imagina uma entrevista dessas com o Grego? Na hora da pergunta sobre a Globo, ele diria "A Rede Globo é a maior do ramo".

Meus parabéns.

fábio balassiano disse...

fala, marcelo, obrigado pelo comentário e pela força.
o sérgio parece ser fera.

abs, fábio.

fábio balassiano disse...

fala, técio.
tava sumido mesmo, hein...
o sérgio foi corajoso pacas mesmo

abs, fábio.

peter schiling disse...

É um alívio, após tantos anos de Grego e de trevas, finalmente o basquete nacional está caminhando. Já tinha elogiado a primeira parte, mas a segunda ficou melhor ainda. Parabéns, Bala!

fábio balassiano disse...

valeu, peter.

abs, fábio.

Anônimo disse...

Parabéns pela bela entrevista.
Parabéns ao Kourus e seus filiados por contratarem um executivo que poderia estar no comando de quaquer empresa.

Fábio Carvalho disse...

Parabéns pela entrevista, xará.
Confesso que fiquei animado com as respostas dele. O nosso basquete carece de pessoas com visao (nao só visao, mas ética e um punhado de outras coisas), e nesse quesito o NBB parece estar em boas maos. Que os clubes se espelhem nisso... como o Rodrigo mostrou no Rebote esses dias, o Flamengo é o atual campeao e nao tem patrocinador ainda, se nao me engano, apesar da imensa torcida. Enfim, que o basquete brasileiro aprenda de vez que apenas boa gerência e planejamento mudam alguma coisa de fato.

P.S.: Li no UOL que o NBB pretende criar um torneio sub-20 com ajuda da lei de incentivo ao esporte, se nao me engano. Uma idéia bem bacana, pois obrigam todos os clubes a investir na base (e nao apenas contratar um monte de atletas veteraníssimos e estrangeiros), além de praticamente bancar todos os gastos de viagens e hospedagens. Finalmente parece que bons ventos sopram na bola laranja tupiniquim! Que assim seja!

fábio balassiano disse...

xará, causa-me espanto esta notícia do uol.
como veículo de comunicação que preza a fonte, acho que eles deveriam citar de onde saiu aquela informação.
acho que está muito parecido com o que o sérgio fala na primeira parte da entrevista do Bala na Cesta.

abs, fábio

Anônimo disse...

Para o leigos que não sabem como funciona a LNB,
tem um conselho de clubes que determina as operações que o Sergio executa.
Ou seja o Sergio e um" espelho" dos Clubes