terça-feira, 19 de abril de 2011

Santa de casa

Quando o assunto é formação de jogadores no Brasil, um nome é unanimidade: o de Thelma Tavernari, coordenadora técnica da base do Pinheiros há mais de uma década (além disso, ela dirige, no masculino, o mini e o cadete). Mãe do atleta Jonathan Tavernari (hoje na Itália) e com mais um punhado de atletas que passaram pelas suas mãos (Paulinho Cheidde, Danilo Castro, Fabião, Betão, Vanderlei e Cesar Guidetti, além dos jovens Leonardo Cruccilio, Thiago Aleo e Elio Corazza), ela se define como uma “apaixonada pelo basquete”, mas isso seria, sem brincadeira, muito pouco. Se o momento é ótimo para os pinheiristas com a decisão no Interligas na quinta-feira, Thelma dá o tom na base do clube paulistano com uma dedicação fora do normal e com uma visão de basquete que assusta de tão diferente que é da realidade que conhecemos. Confira na entrevista que ela concedeu ao Bala na Cesta.

BALA NA CESTA: Como é o seu método de trabalho? Por que quando falamos em divisão de base, 99% dos técnicos e dirigentes olham e dizem: “melhor do que a Thelma não há?”
THELMA TAVERNARI: Gosto do que muitos não gostam: de ensinar os primeiros passos. Gosto da iniciação, de formar, de dar o fundamento, ensinar a finalizar corretamente (de média e longa distância), de leitura de jogo, do passo a passo enfim. Eu trabalho pela formação dos meninos e vê-los atuando bem no adulto me basta.

-- Se por um lado seu trabalho na base é excelente, como explicar que o Pinheiros não tenha no seu time nenhum atleta formado por você entre os titulares? Isso mina o seu trabalho ou faz parte do projeto do clube?
-- Não sei se as pessoas sabem, mas no Esporte Clube Pinheiros trabalhamos com 85% de associados. Vou te dar um exemplo: com os atletas nascidos em 1992, o clube em seis anos decidiu cinco títulos e ganhou três. Hoje com 18/19 anos temos atletas estudando medicina, outros economia, engenharia, letras, administração e advocacia nas melhores universidades do país. Infelizmente no basquete brasileiro ou você joga ou você estuda - essa é a cultura atual. Assim, te digo que a melhor saída para os meninos que jogam e amam o basquete e querem estudar é o aeroporto de Guarulhos – SP.

-- Qual é a sua opinião sobre as seleções de desenvolvimento da CBB? É uma boa alternativa para corrigir os problemas da base do país?
-- Não sabemos ao certo até hoje como foi e como está sendo o critério de avaliação para a escolha do desenvolvimento de talentos. Sei que são os maiores e não os melhores. Talvez por termos no comando do planejamento um ex-atleta de vôlei o trabalho esteja sendo parecido – o de convocar os maiores.

-- Em um mundo ideal, como a senhora organizaria a base do basquete brasileiro? Como seria o modelo de gestão ideal para um país como o nosso?
-- Penso que os técnicos exclusivos da CBB hoje deveriam estar em contato direto com os da base, e isto não está acontecendo. Exemplo: na Escola Nacional de Treinadores de Basquetebol (Nível 1) não houve nenhum técnico envolvido no trabalho de base para expor o que está sendo feito no basquete moderno, segundo eles. Com tanto dinheiro nunca vai existir uma avaliação e indicadores do nosso trabalho para conhecer o que está sendo feito na América do Sul, América Latina e Europa. Tenho certeza que por rendimento estaria entre os melhores, se não houvesse política. Outro exemplo: há dois meses houve uma clínica de mini basquete em Porto Rico, e lá esteve a Hortência. O que sabemos? Nada. No basquete eu já ajudei tanto fora como dentro de quadra. Existe cobrança de um trabalho melhor, de fazermos mais e mais, mas pergunto: o que nos é dado? Nada.

-- A senhora se mantém atualizada e “moderna” após quase 25 anos de carreira. Como é o seu método de estudo e de acompanhamento da modalidade? Pelo que você vê em NBB, Paulista e na base estamos muito defasados ou é exagero isso?
-- Tenha certeza que a coisa que mais faço é estudar (como hoje todos dizem reciclar). Acho que todos conhecem Walter Roese (assisntente-técnico do Havaí), e ele sempre me manda o que acontece de novo nos EUA. Dei para a APROBRAS (Associação de Profissionais de Basquete) 15 CD’s de fundamentos para serem repassados aos técnicos interessados. Como meu filho Jonathan ficou muito tempo nos EUA pude desde 2003 ir aos Estados Unidos por 30/35 dias a cada ano, e vi as atividades nas escolas com crianças e NCAA. Falta profissionalismo no basquete de base, mas hoje temos o NBB, que graças a um grupo de homens competentes e sérios, entre eles o Fernando Rossi (diretor de esportes olímpicos do Pinheiros), estão mudando o basquete.

-- Por fim, uma pergunta / lembrança: dos momentos que você viveu em quadra, qual deles a senhora não consegue esquecer? Consegue citar apenas um?
-- Entrei em uma quadra de basquete sem nunca ter pegado na bola antes. Resultado: 51 x 0 e, 2 cestas contra. Depois de 7 meses eu fui convocada para a Seleção Paulista e aos 9 meses estava na Seleção Brasileira. Muito trabalho, muita dedicação e grandes incentivadores: Marlene, Nilza e Elzinha, que foi minha professora no colégio. Cito também Maria Helena e Heleninha, minhas inspiradoras, e meu mestre maior Wlamir Marques. O basquete mudou minha vida, e é meu orgulho. Gostaria de terminar aqui agradecendo a um amante do basquete que confiou no meu trabalho desde que entrei no E. C. Pinheiros, o João Fernando Rossi, um amigo de verdade. No basquete falta profissionalismo e é isso que espero achar agora na ENTB e tenho certeza no NBB.

34 comentários:

Anônimo disse...

melhor técnica de base do país no melhor blog de basquete do brasil!

só isso que tenho a dizer

augusto

Anônimo disse...

parabens thelma!
você merece todo o reconhecimento.

Você é brilhante!

valeu pela divulgação bala!


everson

Anônimo disse...

Ela não trabalha com o feminino?!

Hortência: uma destas deveria estar com a seleção sub-19 no lugar do Tarallo e observando e instruindo a Janeth como técnica!

Anônimo disse...

A (e "O" tambem) melhor tecnica e treinadora do Brasil com um abismo de deferença para qualquer outro ou outra neste pais.
Séria e diciplinadora, não faz media, faz treinar, e quem não aprende é porque não quer ou não se esforça.
Parabens Telma e obrigado.
O basquete agradeçe que ainda existam pessoas assim.

Anônimo disse...

mesmo nao acompanhando de maneira assidua seus jogos, ja deu p mim ter uma opiniao sobre a thelma." Ela nao forma soh jogadores, e sim pessoas e carateres.".Parece chavao, mas isso eh dificil paca.
me, mylself and I

Rogerio Matos disse...

Fala Bala e leitores!

Sou técnico e me desde meus tempos de universidade sempre ouvi muitos bons comentarios sobre ela. Cheguei ate a cogitar trancar a faculdade em Campinas para ir tentar fazer estagio no Pinheiros so para pegar um pouco da experiencia dessa excelente técnica. Lendo essa entrevista agora vejo uma lucidez impressionante, uma critica bastante global ao basquete brasileiro e uma determinação em continuar melhorando sempre.
Pessoas assim sao meus espelhos.

Abraco e parabens pela entrevista!

Anônimo disse...

Quem le ate acredita nisso. Infelizmente a realidade nao e essa e quem a conhece sabe o que estou dizendo. Isso para mim nao passa de historinha!!!

Anônimo disse...

Finalmente um reconhecimento para a maior formadora de jogadores do Pais.
Impressionante como desperdiçamos forca e energia com idéias mirabolantes.
Como uma pessoa destas nao esta servindo seu Pais.
Claro que sei o motivo, ela nao 'e Maria vai com as outras, tem personalidade, e isso incomoda.

Anônimo disse...

Parabéns pelo excelente trabalho "social" mas no futuro vamos ter grandes advogados, engenheiros ou médicos campeões paulista infantil, cadete ou juvenil e continuaremos sem ir á Olimpiada (ja não falo de ser campeão olímpico).

Anônimo disse...

Ninguém é insubstituível, mas algumas pessoas são especiais.
Thelma é dessas pessoas especiais e indispensável para o basquete de base do Brasil.
Felizes os atletas que tiveram o privilégio de passarem por suas mãos.

Parabéns Thelma e feliz o Esporte Clube Pinheiros que tem você na formação.

Anônimo disse...

Então que dizer que a melhor técnica do pais , não esta no Comando da Seleção Feminina??
Nossa que ironia !!!!
Ou Será melhor so para os amigos???
Ou tem algum
desafeto na CBB??

Rafael Liberato disse...

E o Jonathan Tavernari? Já está jogando na Itália? Como ele está indo lá?

Anônimo disse...

"Por que quando falamos em divisão de base, 99% dos técnicos e dirigentes olham e dizem: “melhor do que a Thelma não há?”

Nossa que exagero!!!!

Se ela fosse essa unanimidade toda, teria treinado alguma seleção de base durante sua carreira, afinal quem convida os treinadores da base são justamente os "técnicos e dirigentes".
Não conheço o trabalho da Thelma, mas se ela não recebeu esse convite de NENHUM dirigente até hoje, é porque tem algo que não se encaixa na história, é muito fácil dizer que ela é injustiçada pela política da CBB e que seu trabalho não é reconhecido, mas será que ela não tem NADA o que melhorar em sua postura e na forma como se relaciona com as pessoas?
Porque as pessoas sempre se acham vítimas do mundo e que são os outros que estão errados e tem que mudar?
Um pouco de auto-crítica não faz mal a ninguém!
Acho que vale a pena a Thelma refletir um pouco sobre isso.

fábio balassiano disse...

anônimo, vamos lá:
- quem disse isso da thelma fui eu, fábio, e não ela. ela é humilde pacas. é só ler o que ela escreve.
- ela ja foi das seleções, sim, senhor. se não sabe, não fala. pergunta antes.


abs, fábio

Anônimo disse...

ok Fabio, Vamos lá:

1- O exagero foi seu mesmo, não disse que foi dela.

2- Em nenhum momento vemos o lado "humilde pacas" da Thelma durante a entrevista, sendo o ápice da falta de humildade ela afirmar: "Tenho certeza que por rendimento estaria entre os melhores, se não houvesse política". Pode ser verdade ou não, mas com certeza não é nada humilde.

3- Como disse não conheço o trabalho da Thelma, mas lendo a entrevista e os comentários da caixinha vemos que existe um apelo para que ela esteja à frente das seleções de base, se ela já teve sua oportunidade (o que não foi informado na entrevista), então não vejo razão para tal apelo.

Anônimo disse...

O anônimo das 23:21 disse que a Thelma é a maior formadora de atletas do país. Oras, quem são os grandes craques que foram formados por ela? Fabião, Betão, quem são? Não sei porque esse excesso de confete!

Henrique Lima disse...

Parabéns pela entrevista Bala, com a Professora Thelma Tavernari.

Quem dera se tivessemos mais gente com esta capacidade, vontade e amor pelo jogo por aí e claro, com um olhar lúcido sobre a realidade.


Um abraço

Jorge Dreyfuss disse...

Não conheço...e pode até ser excelente! Mas tenho que concordar com o colega do comentário acima: excelente, inigualável, fantástica???
Quem ela formou?
Paulinho Cheidde, Danilo Castro, Fabião, Betão, Vanderlei e Cesar Guidetti, além dos jovens Leonardo Cruccilio, Thiago Aleo e Elio Corazza????
Menos, menos...só um pouquinho menos!!!

Anônimo disse...

se todos que trabalham tivessem como prioridade seu jogador e nao a si mesmo o basquete seria melhor e quem conhece atelma sabe que ela trabalha pelo atleta

Anônimo disse...

importante falar que poucas sao as pessoas bem resolvidas no basquete ela é uma delas seus atletas sabem disto parabens telma nao para nunca

Anônimo disse...

fui atleta dela em seleçao sempre brigou por nos tenho saudades bjos telma voce a maior e melhor e amiga de todos os tecnicos que estam na seleçao e sabemos que torce por eles e pelo basquete

Anônimo disse...

interresante como os comentarios estao divididos, e muito anonimo, tanto elogiando quanto criticando.
seria uma boa oportunidade pro Bala mostrar pra gente aquele software que mostra de onde as pessoas estao escrevendo, seria legal ver de onde sao os elogios e de onde sao as criticas.

sobre a materia, eu ja ouvi falar dela, tanto bem quanto mal entao nao vou dizer nada. Apenas que tem muito, muito, mas muito tecnico que tambem se preocupa com seua jogadores e o que rola extra quadra.
Mas varios desses tecnicos nao vencem seus torneios e campeonatos entao a "midia" nao acha que eles sao bons. Mesmo eles formando advogados, medicos, professores...
uma pena.

Anônimo disse...

Adorei o comentário dela a respeito da altura dos jogadores. Realmente estam deixando de lado EXCELENTES jogadores em muitas seleções por conta da altura e simplesmente convocando verdadeiros prodígios gigantes, porém DESCORDENADOS sem abilidade alguma com a bola.Vamos priorizar a habilidade nas posições 1 e 2.

Anônimo disse...

realmente ela so se preocupa com o atleta conforme um amigo fala aqui em cima.
Para quem nao sabe o atleta Lucas Dias nao foi jogar o Sulamericano porque sua tecnica Thelma Tavernari nao o liberou porque era uma semana de jogo importante contra o Paulistano.
Infelizmente o atleta nao esteve jogando pela seleçao o que com certeza nao foi uma coisa para o seu bem. Na verdade a tecnica estava preocupada em ganhar o seu jogo e titulo paulista.

Rodrigo Tetzner disse...

É duro contentar a todos. Ao invés de reclamarmos da Thelma se fez ou deixou de fazer pq não vamos tentar melhorar o basquete brasileiro? São poucos os que ajudam ela é uma delas, Imagine se todos que jogassem na NCAA virassem jogadores? Hj a melhor forma de vc ter um curso superior de qualidade é assim pelo esporte. Parabéns Fábio pela entrevista e Thelma pela ajuda no Basquete, não fui seu aluno mas várias pessoas que jogaram comigo sempre falou bem da sua pessoa. Abraço

Anônimo disse...

Com certeza o anônimo que critica a Telma, deve ser aqueles puxas sacos de Diretores de FPB,CBB.
Normalmente estes puxas sacos perderam na quadra e na vida para ela.
Telma, a MAIOR e mais competente técnica na formação de atletas do Brasil.
A Telma forma e os outros compram atletas na base.
Parabéns!
Sorte do Pinheiros.

Anônimo disse...

Duvido que alguém da CBB ou da FPB perdesse seu tempo. É normal as pessoas terem opiniões diferentes, unanimidade ou 99%, só existem no texto do post.

Eu fui um dos que critiquei, não a Thelma, mas o excesso de confete!

Unknown disse...

Meu filho treinou só um ano com a Thelma e adorou, ela cobra bastante, mas também orienta muito seus atletas.
Também gostei da tal "política", que no basquente não é diferente.
Bombou esse entrevista, olha o tanto de comentários.
É isso ai Thelma, manda ver.

Anônimo disse...

nao sei se voces sabem a telma ganhou do manhano quando era tecnica dea selecao paulista em um alberto rosselo em monte aprazivel

Anônimo disse...

criticou baseado no que? no confete?
Quem poderia ser vc anonimo?
se identica ai?
Marcos

Anônimo disse...

Oi Marcos, meu nome é Guilherme.

Anônimo disse...

Parabéns pela entrevista, realmente a Telma é uma grande referência no basquetebol paulista.Telma um grande beijo e siga firme nas suas propostas!!!

Julio Malfi

Anônimo disse...

nao conhece, mas se ela realmente se importa com os atletas fora da quadra, se preocupa com a formação já é otimo.
O que não dar para aceitar é ter uma seleção de desenvolvimento, que se promete tudo e simplesmente os atletas deixam de estudar, como é o caso da seleção de hortencia, onde as atletas mais nova não frequentam a escola, ou fngem que vao pra aula

Marcelo Nogueira - MuniciPais disse...

Com todo o respeito aos treinadores de basquetebol de base do Brasil, acredito que se todos tivessem a mesma preocupação e o empenho que a Thelma tem no quesito fundamentos, apesar de todos os problemas estruturais que o basquete tem no Brasil, teríamos atletas melhores formados.
Mas o que vemos, na maioria dos casos, são treinadores, por diversas razões, preocupados com resultados, preocupados em ensinar jogadas e pouco preocupados com o ensino dos fundamentos. É a cultura do resultado a curto prazo, é a cultura do trabalho com o "atleta pronto". Formar é difícil! Dá trabalho e muitas vezes existem pressões que acabam por suprimir o que existe de mais importante no esporte que é a formação séria e completa(com ênfase nos fundamentos)!