sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Basquete é Cultura: Agassi

“Eu odeio tênis”. É com essa frase que Andre Agassi começa a sua arrebatadora autobiografia (“Agassi”, lançada este ano pela Editora Globo). Nas 400 páginas, o norte-americano conta muito sobre como sofreu nas mãos de seu pai (o iraniano que disputou o boxe olímpico em 1948), que simplesmente obrigou-o a ser um tenista (há casos semelhantes no basquete, não?), como o fato de “odiar” tênis o fizeram um tenista pior, da rivalidade com Pete Sampras, do seu envolvimento com drogas e de seus quase sempre agitados relacionamentos amorosos (até conhecer Stefanie Graff, claro).

O que chama a atenção no livro não é exatamente o fato de ser uma autobiografia de um jogador que sempre foi polêmico, mas sim a forma como tudo é colocado no papel. Sem o menor pudor, Agassi critica as atitudes quase sempre ditatoriais de seu pai, relata seus eternos problemas com a escola (ele não chegou a completar o segundo grau), conta passagens inacreditáveis do mundo do tênis (exemplo: em uma final de Roland Garros, o cara se concentrou mais em sua peruca no que no jogo do equatoriano Andrés Gomez – e perdeu, claro), do brilhante trabalho da sua fundação e sobre como precisou se reinventar após cair no ranking ou devido aos milhares de problemas físicos.

Não dá para decifrar se o livro é mais um desabafo ou um aviso às próximas gerações que entram nesse negócio chamado esporte (negócio em que o controle psicológico parece cada vez mais importante que a bagagem técnica), mas o fato é que eu terminei a obra com a nítida sensação de que aquele cara que tanto admirava simplesmente divertiu milhares de fãs durante 21 anos enquanto sofria horrores para estar ali. Cruel, não?

5 comentários:

Anônimo disse...

Deve ser uma bela biografia.E,elucidativa,qto as consequencias da fama e fortuna no auge da carreira.
Esse ,NEGOCIO, que se tornou o esporte,esgota qqer um...exemplos eh q nao faltam...
Mas,no fim,ele foi um dos maiores da modalidade.

fábio balassiano disse...

valeu, anônimo.
eu recomendo a leitura.
agassi foi sem dúvida um dos maiores.
meu favorito para ser sincero.

não curtia (curto) caras muito perfeitos, como era (é) o sampras.

Abs, fábio.

Gabriel disse...

Fabio,assim q saiu o livro pedi para uma amiga,que viajava aos EUA, que me trouxesse uma copia.Li em alguns dias.Eh demais o livro.Pra quem gosta de tenis-de esportes em geral,na verdade- eh imperdivel.

Mas não sei se foi so uma leitura diferente ou apenas ingenuidade minha,mas essa historia de *eu odeio tenis*,que fica bem claro no começo do livro,devido ao autoritarismo e desmandos do pai,transforma-se em profundo amor e respeito pelo esporte na segunda fase de sua carreira,quando ele vira a mesa e decida dar-se uma segunda chance.
Ele realmente amou o tenis e se divertiu muito nos seus ultimos anos.Inclusive,não tem como não se emocionar com o relato de seu penultimo jogo,contra o Baghdatis,no US Open.

Pra concluir.Junto com *Open*,minha amiga me trouxe outro grande livro,chamado *Strokes of genius*,uma analise da epica partida entre Nadal e Federer em Wimblendon 2008.Eh um raio-x sensacional desses dois genios do esporte.Se puder,não perca.

Abraço,
Gabriel.

fábio balassiano disse...

gabriel, livro comprado!
obrigado pela dica.
não conhecia.

trabalhei neste jogo para o jornal o globo fazendo a crônica. fiquei das 10 às 19h sem comer nada. uma loucura!

abs, fábio

marcelo alves disse...

Deve ser um livraço mesmo.
abs,
marcelo