segunda-feira, 9 de março de 2009

A voz da LNB

O blog devia espaço a Kouros Monadjemi há algum tempo. Por isso, na última quinta-feira conversamos pelo telefone. O papo foi agradável, e aborda os mais variados temas a respeito da LNB que ele preside – aliás, a entidade não apoiará diretamente nenhum candidato nas próximas eleições da CBB, apesar de reconhecer a atitude do Grego em chancelar o NBB. Vamos lá.

BALA NA CESTA: O que achou da punição ao Espiga?
KOUROS: Achei correto o julgamento. Temos a missão de organizar o basquete, principalmente porque a imprensa apenas explora a bagunça e as brigas da modalidade. Acho que houve, sim, agressão do jogador do Mortari, mas entendo que isso faça parte do calor do momento da partida e que a comissão julgadora cumpriu bem o seu papel.

-- Se você tivesse que contar a um desavisado que o NBB é um campeonato diferente dos antes realizados pela CBB, o que você diria?
-- O diferencial é a união dos clubes. Nunca o esporte brasileiro viu o que o basquete conseguiu neste ano. Hoje, a CBB é ajudada pela LNB.

-- Muita gente alega que para a melhor exposição do basquete o ideal seria ceder a transmissão a vários canais, e a LNB vendeu apenas para a Rede Globo. Por que? Aliás, por quanto tempo é o contrato com a emissora, qual o valor do torneio e quanto os clubes receberam?
-- Concordo com a análise. Se eu pudesse, todas as televisões do país transmitiriam o torneio. Mas a situação não permitia. O basquete estava no fundo do poço, e era preciso um parceiro forte, de peso, e que quisesse levar a modalidade não só ao “basqueteiro”, mas também a um público mais extenso. O contrato com a Rede Globo tem a duração de 10 anos, prevê a participação em todas as suas empresas (Sportv, CBN, Globo.com, TV Globo e Rádio Globo) e há um mínimo de 44 partidas a serem transmitidas. Sobre as cifras, prefiro não falar sobre isso, até porque o principal que eles nos dão é o valor agregado, que é a visibilidade e a exposição de nossos patrocinadores. Sobre os clubes, eles não receberam dinheiro algum. Esperamos mudar isso rapidamente.

-- Ao que parece, aliás, os únicos contratos firmados pela LNB foram com a Rede Globo e Eletrobrás (contrato de um ano). Quantas empresas foram procuradas pela entidade?
-- Sete empresas já foram contatadas, mas ainda não temos respostas. Nós não temos um departamento de marketing próprio. Utilizamos e confiamos na TV Globo nesta área, e ela está nos ajudando. Nosso melhor marketing chama-se TV Globo.

-- Uma das grandes críticas que o torneio recebe é sobre a qualidade técnica. Como você avalia a desta edição?
-- Olha, vou ser bem sincero: se um esporte não vai às Olimpíadas há três ciclos, é óbvio que o nível técnico caiu. E caiu assustadoramente no basquete masculino brasileiro. O nível do NBB é bom? Diria que não. Diria que é de razoável para fraco. Há alguns lampejos, algumas tentativas de repatriar jogadores, mas queremos muito mais evidentemente. Por isso eu digo, de maneira otimista, que o campeonato hoje tem um nível razoável. Espero que melhore em termos técnicos, porque estamos, ao menos, vendo partidas com emoção. Para melhorar, estamos planejando um seminário com todos os técnicos no fim de semana do Jogo das Estrelas. Espero que isso nos ajude. Também estamos tentando viabilizar um torneio internacional com os quatro primeiros do Brasil, os quatro da Argentina e os campeões do Chile e do Uruguai. Isso aconteceria após a primeira edição do NBB.

-- Em recente entrevista, o senhor afirmou que quem decide quem entra no torneio é uma comissão de técnicos liderada pelo Lula Ferreira (foto ao lado). Não existe um conflito ético ao vermos que um treinador de um dos times do NBB decide quem participa no próprio torneio?
-- Não é bem assim. Houve um grupo de 24 técnicos reunidos antes da competição, e eles, em comum acordo, analisaram quem poderia, ou não, entrar no NBB. Foi formado um corpo técnico do qual o Lula faz parte. Não acho essa a melhor maneira de se definir quem participa de uma competição, mas não tinha outra opção neste princípio. Tivemos que fazer uma escolha de preservar o mínimo de padrão técnico. Não é um simples “quem quer, entra”. O correto é “quem pode, entra”. E acho que assim se preserva a competitividade.

-- Sobre a entrada de clubes do Norte e Nordeste, como será o plano de expansão da Liga para estas regiões? E no feminino?
-- Temos a obrigação de integrar estas duas regiões que você citou, e isso já está sendo pensado. Sobre o feminino, digo-lhes que não é fácil. Apesar de as mulheres terem conquistado tudo o que o basquete ganhou nos últimos anos, não posso assumir este compromisso ainda. Pretendo conseguir isso em, no máximo, dois ou três anos.

-- E falando em CBB, o senhor não acha que falta um circuito de base alinhado ao trabalho feito pela LNB nos profissionais?
-- Este é o meu maior sonho para os próximos três ou quatro anos. Fazer um torneio juvenil paralelo ao NBB. Não formamos ninguém de impacto no país, e que atue aqui por algum tempo, há quantos anos? Muito, não? Talvez por isso o nosso último grande ídolo tenha sido o Oscar. Temos vários jogadores na NBA e na Europa, mas absolutamente desconhecidos no país, o que não é bom. Precisamos criar uma cultura que incentive estes jovens valores a permanecer aqui.

5 comentários:

Anônimo disse...

boa entrevista. e ao mesmo tempo triste que quase ninguém comente as atitudes do kouros.
a lnb já nasce de cocoras à tv globo...

estamos perdidos

Anônimo disse...

Realmente, ótima entrevista. Com relação ao comentário anterior, sou crítico ferrenho da rede Globo mas infelizmente o basquete brasileiro chegou a um ponto caótico e sem dúvida é necessário fechar estes tipos de acordo, pois o basquete perdeu o seu poder de barganha. Vale lembrar que hoje o volei se tornou-se forte com o apoio que a Bandeirantes deu a modalidade através da figura de Luciano do Vale.

Machado

Anônimo disse...

Césão

Os patrocinadores-Rede Globo(Sport Tv) Eletrobraz,Bola Spalding,,os clubes os mesmos até 2007 ,qual a diferença? Entra Kouros sai Grego,entra Lula sai Manteiga,a única mudança é uma melhor vontade de todos(inclusive a minha)na analise com a mudança de NLBB para CBB.

Anônimo disse...

Excelente entrevista chará!
Estive fora do país por quase 3 meses... pouco tempo, claro. Mas hoje quando fui resolvi assistir ao tradicional "Globo Esporte" para ver o gol do Fenômeno (claro, por que você assiste um programa de esporte em TV aberta no Brasil? Futebol oras!) Acontece que me deparo com quase um bloco inteiro dedicado ao "Novo Basquete Brasileiro" (nome estranho, penso eu). Hoje, no caso, eles explicaram como joga o SF (posição 3), fazendo uma chamada para os principais jogadores que participarão do "jogo das Estrelas" no Maracanazinho... macacos me mordam! O que houve por aqui? Entro na internet e vejo que no portal globo.com um link para o site especial do NBB e uma chamada para uma promoção para quem comentasse as melhores jogadas, com direito a uma bola autografada pelo autor do lance!
Depois leio aqui no blog que existe um contrato de exclusividade com a Rede Globo, que, em termos financeiros, está longe do ideal. Qual a minha conclusão depois de tudo isso? "Parabéns a Kouros Monadjemi e viva à Rede Globo"! O sujeito me parece muito lúcido, e creio que faria o mesmo com relação à Rede Globo. Desde quando vocês acompanham basquete? No meu caso vivi um pouco da era Jordan, nos bons tempos de Rede Bandeirantes. Mas depois houve um vácuo. Só depois, aos 16 anos que voltei a gostar do esporte, através da prática. Coincidentemente, a Rede TV na época voltou a transmitir as partidas da NBA. Que bacana! Mas infelizmente não durou muito. Será que esse meu período "sem interesse" no basquete se deu devido à falta de exposição na mídia? Receio que sim. Se o "monopólio" da Globo fizer com que o basquete volte a ser mais praticado e divulgado, que mais crianças e jovens se interessem... bem, então "viva à Rede Globo"!

Anônimo disse...

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