segunda-feira, 22 de março de 2010

Ele está de volta - Parte 1

Marcel de Souza está de volta. No comando de Barueri, que começou vencendo a Liga Sorocabana pelo Torneio Novo Milênio no sábado (84-78 na prorrogação) e com chances de participar do próximo NBB, o eterno craque da seleção brasileira está com muitos planos. O blog decidiu ouvi-lo. Como o papo ficou bom, porém extenso, será dividido em duas partes. E como Marcel tampouco precisa de maiores apresentações, vamos logo ao que interessa.

BALA NA CESTA: Como está sendo este começo de trabalho em Barueri?
MARCEL: Excelente. O mais curioso é que tudo partiu de uma clínica que ministrei em Osasco, que por acaso teve que ser feita em Barueri. Lá encontrei um amigo dos tempos de administrador do estádio Pacaembu, Fares, que me levou até o secretário de esportes Kalil, outro amigo dos tempos do EC Sírio. Conversa vai, conversa vem, e eles me falaram sobre as perspectivas e condições de trabalho em Barueri, pensando que as mesmas eram insuficientes para a manutenção de uma equipe de basquete. Mas logo percebi que era tudo o que eu precisava para voltar a dirigir uma equipe. Planejamos e conseguimos montar essa equipe que disputará o Torneio Novo Milênio, mas já temos grandes sonhos em andamento. Não preciso dizer sobre as condições que a cidade possui para abrigar e manter o funcionamento ideal de uma equipe de alto rendimento. Basta dizer que as nossas seleções nacionais de basquete e vôlei já treinaram lá. O Sportville, centro de treinamento do excelente treinador José Roberto Guimarães, foi arrendado pela secretaria de esportes e abriga várias equipes competitivas que lá encontram plenas condições de desenvolver o potencial de seus atletas. Os ginásios e o departamento médico são de primeiro mundo, e capacitados como os do futebol profissional. Enfim, temos grande potencial de obter o sucesso em várias modalidades e tenho certeza que o nosso basquete será um grande começo de uma nova fase no cenário esportivo nacional.

-- Você sempre foi um dos maiores críticos do sistema de treinamento no país. Como está sendo o seu dia a dia por aí, e como é a sua carga de exercícios com os atletas? Poderia nos explicar?
-- Treinamos como todas as equipes. Eu apenas deixo para os preparadores físicos o controle da carga de treinamento e procuro tirar o máximo dos jogadores. Isso me parece óbvio, mas o exercício desta proposta é muito complicado para os que fazem questão de ter o controle do treinamento. Sempre disse que no cenário esportivo nacional, o papel do preparador físico basicamente era o de alongar, esquentar, esfriar e novamente alongar os atletas e qualquer tentativa de mudar a esta ordem das coisas era não só boicotada, como sabotada por técnicos, jogadores, dirigentes, atletas e pais de atletas, interessados apenas nos resultados dos jogos, mas não na maneira apropriada de consegui-los. Não só o basquete, mas todo o esporte nacional deve passar por uma análise profunda para decidir o que realmente interessa para o Brasil, já que temos uma Olimpíada em 2016 pela frente. Será que os resultados imediatos serão mais importantes do que a preparação ideal de um evento desse calibre, ou ganhar campeonatos de categorias menores é o que sempre interessará a todos?

-- Por ser muito crítico, e bem fundamentado, muita gente acha que apenas a sua teoria é boa. Chegou a hora de mostrar que, na prática, a teoria que você sempre fala pode, sim, ser aplicada no basquete brasileiro?
-- As teorias que defendo não foram criadas por mim. Eu simplesmente estudo basquete todos os dias, assisto a jogos todos os dias e constato as diferenças entre o nosso basquete e o praticado fora daqui. A prática por aqui é bem diferente disso e querer fazer o que se faz no mundo inteiro pode parecer chover no molhado, mas no Brasil é dar murro em ponta de faca. Muita gente pratica o “achismo”, que é comentar os fatos depois que eles aconteceram. Não preciso provar nada, pois o que prego está escarrado em qualquer jogo da NBA, NCAA ou Euroliga. É só ligar a TV e constatar que o nosso basquete é mais lento, fisicamente mais fraco e pula menos que nessas ligas que acabei de citar. Como sempre disse, o gogó impera dentro e fora das quadras e é mais fácil pressionar juízes e dirigentes do que treinar apropriadamente uma equipe. Esse gogó simplesmente inexiste nas grandes competições internacionais, onde é difícil de entender porque nossos atletas fazem sucesso na NBA e Europa, mas sucumbem em Mundiais e Pré-Olímpicos. Como entender uma mudança tão drástica em alguns meses de treino tupiniquim, senão pela falta do treinamento apropriado?

8 comentários:

Anônimo disse...

boa entrevista!
gosto muito do marcel, apesar de seus exageros...

reginaldo

Morais disse...

Lucido, inteligente e com os pes no chão, como deve ser, dará certo. Não pode se entusiasmar demais e poderá escapar qualquer coisa em algum momento...seres humanos tem 2 orelhas, 2 olhos e 1 boca para olhar mais, escutar mais, e falar a metade. Gosto muito do Marcel e torço pra que ele de certo, só ele mesmo pode se atrapalhar. Boa sorte Marcel.

Maury disse...

ridiculo como sempre foi

Anônimo disse...

ridiculo como sempre foi [2]

Anônimo disse...

rsrsrsrs adora esses comentarios , frouxos e sem fundamentos, é a cara do basket contemporâneo que podemos assistir em cada rodada do nbb...
Amem...

Anônimo disse...

rsrsrsrs adora esses comentarios , frouxos e sem fundamentos, é a cara do basket contemporâneo que podemos assistir em cada rodada do nbb...
Amem...

GUGA disse...

Vamos ver se agora ele consegue fazer um bom trabalho como técnico e não fracassar como nas vezes anteriores.

Udo disse...

Balassiano,

Gostei muito das perguntas e respostas, que vão de encontro aos meus anseios e creio que do basquete tupiniquim também. Mas, muitos têm pensamentos lineares e são incapazes de ir um pouco, mas pouco mesmo, além dos paradigmas e/ou fantasmas que os afligem; que, por medo ou falta de condição, permitem – ou se mostram incapazes de agir diferente – que o primeiro sentimento ao se defrontar – confrontar – com opiniões ou conceitos que vão contra os dogmas armazenados em seus interiores, seja o ataque ou o sarcasmo.

Esta entrevista abre uma oportunidade grande de debate e busca do melhor, mas alguns, que escondidos pela alcunha de ‘anônimo’, fazem ataque sem fundamentos e vazios, baseados em dados empíricos ou em fragmentos de conceitos outrora usados, mas que não tem fundamentação para perdurar ou sequer caminhar para frente.

Não quero dizer que é necessário concordar com as respostas, mas criar um debate, com troca de informações e opiniões, modificando o status quo vigente, contudo isso não é tarefa fácil para os, hoje, generais da banda ou coronéis que militam em nosso basquete. O que a maioria quer é que a banda siga como está, mesmo desafinando sempre!