segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Muito prazer, Elizabeth Cambage

Anote este nome: Elizabeth Cambage. Com 18 anos e 2,03cm (aos 10 ela já media 1,82cm), a australiana Lizzie, como é conhecida, chamou a atenção no Mundial Sub-19 da Tailândia (20,4 pontos e 6,8 rebotes), onde foi comparada a Lauren Jackson. Por isso não é de se estranhar que depois de se formar no AIS (Instituto Australiano do Esporte), a jogadora tenha despertado o interesse de todos os clubes da WNBL, a liga local que cresce a cada dia. Com uma ligação do lendário Tom Maher, Cambage fechou com o Bulleen Boomers, time que lidera a competição (15-1) graças ao talento de sua pivô, que tem médias de 20,7 pontos e 8,9 rebotes - na última sexta-feira, a gigante despejou nada menos que 30 pontos e 16 rebotes na vitória contra o Adelaide por 79-66. Por isso o Bala na Cesta correu atrás de Cambage, que estréia a seção Muito Prazer em 2010, ano que começa com uma meta clara para ela: disputar o Mundial da República Tcheca.

BALA NA CESTA: Quem é a jovem Elizabeth Cambage, que com 18 anos e 2,03cm já impressiona o mundo do basquete? Como você começou na modalidade?
ELIZABETH CAMBAGE: Comecei no basquete com dez anos quando mudei de cidade com meus pais. Minha mãe pensou que seria uma boa maneira de me adaptar, fazer novos amigos, e funcionou direitinho. No começo eu não gostava muito, porque tinha que treinar demais e acordar cedo aos domingos. Era difícil, mas depois de um tempo vi meu jogo melhorar e passei a adorar toda essa rotina. Amo estar em um time, e ganhar com ele. Sou uma competidora, e trabalho muito duro para atingir meus objetivos. Sobre meu jogo, há muito a evoluir, principalmente nos lances-livres, uma das minhas deficiências que estou conseguindo aprimorar nesta temporada (78,7% de aproveitamento), e nas jogadas de garrafão. Além disso, estou ficando mais forte e trabalhando muito no aspecto mental. Como você vê, preciso melhorar muito para ser uma grande jogadora.

-- Apesar da eliminação precoce (perdeu para o Canadá nas quartas-de-final por 50-49), você foi um dos destaques do Mundial Sub-19. Como foi a competição em geral, e o jogo contra o Brasil especificamente (vitória australiana por 72-51, com 20 pontos de Cambage em 18 minutos)?
-- Mundiais são sempre difíceis, e nós ficamos absolutamente devastadas depois da derrota para o Canadá por um ponto –afinal, saímos da disputa por medalhas. Se pudesse, trocaria meus pontos por um lugar no pódio. Sobre o jogo contra o Brasil, posso dizer que foi muito duro – elas são muito altas e atléticas. Acho que a maior diferença entre os nossos times estava no fato de que as brasileiras jogavam em um estilo mais livre, sem compromisso tático. É mais difícil de defender, porém bem mais arriscado de se praticar também.

-- Você também faz um sucesso incrível na WNBL, a liga australiana. Referência do melhor time (20,7 pontos, 8,9 rebotes e 56,9% nos arremessos), o Bulleen Boomers (15-1), como é jogar para Tom Maher, técnico tão vencedor quanto experiente?
-- Amo jogar pelos Boomers, e acho que podemos vencer o campeonato pela primeira vez, já que o time existe há 25 anos e nunca ganhou um título. Tom é um técnico fantástico, sabe muito sobre o jogo e me ensina muito no dia a dia. Não tinha idéia de que havia tantas jogadas de garrafão que eu pudesse utilizar. Antes dele meu jogo era bem mais limitado. Tom tem sido estupendo para o meu desenvolvimento, e sei que ele quer me fazer não só uma jogadora, mas uma pessoa melhor.

-- Você faz parte da nova geração australiana que encontrará com ótimas jogadoras na seleção em um futuro próximo. Uma delas é a Lauren Jackson, que agora atua pelo Canberra na WNBL (as duas na foto ao lado). Como está a expectativa para enfrentá-la pela primeira vez (o Boomers joga contra o Canberra no último duelo da fase de classificação no dia 12 de fevereiro)? Além disso, existe algum segredo para a fornada de pivôs australianas produzir sempre ótimos nomes?
-- Nunca joguei contra a Lauren, e estou muito ansiosa para o nosso “encontro”. Encontrei com ela apenas uma vez, e estava tão nervosa de estar ao lado de uma lenda do basquete daqui que não falei muita coisa. Ela, por sua vez, foi muito legal comigo. Não existe segredo, mas o AIS (Instituto Australiano de Esporte do qual Cambage fez parte) é fundamental para o esporte daqui. É lá que nos desenvolvemos e aprendemos tudo para sermos profissionais de alto nível. Além do AIS, a estrutura dos clubes é muito forte. Temos um sistema que une cidades, clubes e confederação, o que facilita o crescimento da modalidade e das jovens atletas. Além da WNBL, temos uma liga de desenvolvimento (a SEABL), em que as juvenis podem melhorar muito, já que os treinadores são capacitados e muito experientes. Como se vê, há muitas oportunidades por aqui, independente do nível de atleta que você é.

-- Em 2010 vocês terão um Mundial pela frente. Você pensa na possibilidade de estar ao lado de estrelas como a Lauren e a Penny Taylor? Você chegou a fazer amistosos com o time adulto no ano passado, e a técnica, Carrie Graf, se disse muito impressionada (as duas na foto ao lado). Como foi a experiência?
-- Adoraria estar no Mundial deste ano, e tenho treinado loucamente para fazer parte do time. Este, com certeza, é um dos meus objetivos para a temporada. Fiz minha estréia com as Opals (a forma como a seleção feminina da Austrália é conhecida)em 2009 e amei todos os minutos que atuei. A Carrie Graf é uma excelente técnica, e gostei muito de ter estado com ela naquele período.

-- Por fim, uma perguntinha difícil: se você pudesse sonhar com os próximos dez anos de sua carreira, como seriam? Jogar na WNBA faz parte desse sonho, certo?
-- Sim, sem dúvida! Se meus sonhos se tornarem realidade, estarei atuando na WNBA e Europa, mas meu verdadeiro sonho é trazer uma medalha de ouro olímpica para o meu país. Na verdade eu sei que tenho que ser a melhor jogadora que puder, e coisas boas virão para o meu lado.

14 comentários:

Rogerio Matos disse...

Fala Fabio. Parabens mais uma vez por trazer uma excelente entrevista! Show de bola.
O que me impressiona é a lucidez dessa menina! Sem duvida uma futura lenda do basquete feminino, como é Lauren!
Forte abraco e um feliz ano novo

sta.ignorancia® disse...

Muito boa entrevista.

Essa meninas nem é mais promessa... já é realidade...rs

fábio balassiano disse...

fala, rogério, tudo bem?
também fiquei bastante impressionado com o conteúdo da cambage, mas acho, sinceramente, que é reflexo da estrutura de todo o esporte australiano.

quando conversei com a penny taylor alguns anos atrás eu fiquei de boca aberta também.

mas obrigado pelo elogio. achei que ficou legal mesmo o papo.

obrigado e abs, fábio

fábio balassiano disse...

fala, santa, obrigado pela força.
a cambage estará no mundial, né. acho que ninguém tira isso dela.

abs, fábio.

Paulinho disse...

Oi Fábio,



O blog está cada vez mais internacional. Parabéns pela excelente entrevista e pelo nível fantástico do balanacesta!!!

Anônimo disse...

Fábio, tem toda razão, sem dúvida alguma essa maturidade das atletas australianas vem da estrutura que a própria Cambage citou na entrevista, pois sei que dentro dos centros de treinamento há acompanhamento completo das atletas, ou seja, condição física, psicologica e social envolvidas. Modelo a ser seguido...

Duda 11 disse...

Muito legal a entrevista, Bala! Certamente é um talento que poderemos ver em breve nas quadras pela seleção australiana! E em uma posição que o Brasil está cada vez mais carente no basquete feminino! Abs

fábio balassiano disse...

fala, paulinho, obrigado pela força. valeu mesmo!

olá, duda11, a cambage explode neste ano ou no próximo. em 2012 ela já será uma realidade, nas olimpíadas...

abs, fábio.

Leandro disse...

O que mais me deixou impressionado na entrevista foi a forma como ela vê o Brasil em quadra: com ouma equipe que joga "livre".

Digamos que ela foi bem bondosa com a nossa seleção ao dizer que elas jogam "livre". rsrs

Abraços, Fábio.

Cleverson disse...

Liz Cambage nesse Mundial fará o mesmo trabalho que a Lauren Jackson fez no Mundial de 98 com apenas 17 anos, agregará ao grupo e será peça fundamental.
Acredito que teremos no Mundial de 04 um grande confronto: Cambage x aquela americana monstro de 2.04 que o Bert sempre comenta no blog dele.
Parabéns pela entrevista, Fábio. :)

Cleverson disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cleverson disse...

ops, errei na postagem rs, quis dizer Mundial de 2014 rs..

Sta. Ignorância disse...

Pois é... vamos ter que embalsamar a Alessandra. Só ela pra fazer frente pra esses monstros que estão surgindo...rs

Ou então colocar Isis ou Danila pra apanhar... hahahaha

Anônimo disse...

A Érika faz frente tb. Pior é se ela não participar do mundial e a gente depender da Kelly atual e da Grazi.