segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Um gênio chamado Gherardini

Maurizio Gherardini é o que se pode chamar de empreendedor. Banqueiro bem sucedido, a vida do italiano de 54 anos mudou quando, em uma viagem de negócios a Saint Louis (EUA), viu que o basquete poderia ser mais divertido, e tão rentável quanto, que a vida atrás de coeficientes macroeconômicos. Até se tornar assistente de general-manager do Toronto Raptors (NBA), função que exerce com maestria na atualidade, Gherardini fez de tudo: traduções de livros de basquete para o italiano, organização de clínicas para treinadores europeus, gerenciou equipes (seu trabalho mais conhecido foi com o Benneton Treviso, franquia mais popular e uma das mais vencedoras da Europa) e ministrou inúmeras palestras sobre liderança, gestão empresarial e trabalho em equipe. À frente do projeto da Confederação do Canadá para transformar o basquete do país, ele conversou com o Bala na Cesta por e-mail sobre a próxima Copa América e sua carreira.

BALA NA CESTA: Como é seu trabalho com a seleção canadense?
MAURIZIO GHERARDINI: Sou o general-manager do time adulto desde novembro, e meu trabalho é coordenar tudo, dar idéias e sugestões. Minha primeira iniciativa foi ligar todas as divisões de base ao time principal. Precisávamos ter uma “fotografia” mais homogênea e organizada do nosso basquete. Como Confederação, temos que criar as condições ideais para que isso aconteça. Infelizmente o nosso principal jogador, o Steve Nash, se aposentou do time nacional e temos que investir nos jovens que um dia poderão nos trazer retorno. De todo modo, o Nash faz parte do nosso conselho de excelência, trazendo o seu conhecimento e mais peso para o nosso movimento. Creio que estejamos no caminho certo.

-- Com experiência na NBA e na Europa, você já conseguiu detectar as principais diferenças entre esses dois mundos? E aonde o Canadá se insere nesse “mundo do basquete”?
-- A experiência internacional e a da NBA são completamente diferentes. Na NBA, por exemplo, o conceito é mais comercial, e difere do modelo esportivo e “clubístico” europeu. Nos EUA eles prezam muito essa parte, e por isso os jogos vêm sempre recheados de muita carga emocional – porque vende mais. O Canadá é meio que um híbrido entre essas duas características, porque o modelo escolar é parecido com o da NCAA, mas a liga entre os clubes ainda não tem o status econômico da norte-americana.

-- O que podemos esperar do Canadá na Copa América? No Pré-Olímpico da Grécia, no ano passado, houve muitos problemas de indisciplina, inclusive com o Dalembert, pivô da NBA...
-- Nós somos franco atiradores querendo competir com uma boa defesa e trabalho coletivo. Não temos jogadores da NBA, com exceção de Joel Anthony (Miami Heat), muito menos estrelas na Europa, mas acredito que estamos criando uma boa química para mostrar 101% do nosso potencial e tentar uma vaga no Mundial. Sobre o caso citado, todos sabem que sou um cara exigente e severo em relação a disciplina e trabalho em equipe. Gosto de lidar com bom senso em todas as situações, mas também admiro o sentido de “time” que essa palavra tem. Ou seja: todos devem aceitar as regras que lhes são impostas.

-- Você provavelmente acompanhou a recente crise envolvendo a Confederação Brasileira por conta de um suposto pobre planejamento estratégico. Se pudesse dar um manual de como ser um bom general-manager, o que diria?
-- As situações variam muito de um lugar para o outro, e seria muito simplista se dissesse que existem “regras básicas”. Mas digo que a primeira coisa que você precisa fazer é entender a situação em que seu país se encontra, para só depois “tirar uma boa fotografia” da situação. Para isso é importante ser o mais flexível possível, sem esquecer do objetivo principal. E o objetivo principal é aquilo que você não pode perder de vista, aconteça o que acontecer. Ah, e é importante usar o bom senso que mencionei antes (risos).

-- Muitos rumores dão conta de que você será o primeiro não-americano a gerenciar uma equipe da NBA. Como você analisa essa situação? E quando veremos um europeu como técnico da liga? O Ettore Messina, seu amigo, seria um bom nome, não?
-- Não sei, mas barreiras existem para serem quebradas. Espero que cedo ou tarde um técnico estrangeiro possa dirigir uma equipe da NBA. Mas não posso considerar o Mike D’Antoni um técnico americano, porque ele passou muito tempo na Europa e é influenciado por todos os conceitos que aprendemos por lá. O Messina é um dos maiores técnicos de todos os tempos, e sem dúvida pode treinar em qualquer lugar. É um grande professor, um treinador exigente e um ganhador nato. É só uma franquia chamá-lo...

-- Para finalizar: como você espera o Toronto Raptors na próxima temporada? Vocês contrataram o Turkoglu para tentar segurar o Chris Bosh, que pode ser um agente-livre em 2010, não?
-- Estamos satisfeitos com o plantel que teremos na próxima temporada. Turkoglu foi uma contratação decisiva, e posso dizer que DeMar DeRozan (calouro da USC) e o Jarret Jack (recém-contratado) terão papéis importantes em nosso time no próximo ano. Considerando que teremos a evolução do Bargnani, a liderança silenciosa do José Calderon e potencial do Chris Bosh, acho que teremos um campeonato bem interessante. Tomara que sejamos bons o suficiente para que a decisão do Bosh sobre permanecer ou não conosco se torne mais difícil...

3 comentários:

Anônimo disse...

Bala sei que minha pergunta não tem nada haver com a matéria... Vc sabe se algum site vai passar os jogos da copa américa feminina sub-16 ?

desculpe-me pela pergunta nada haver, porém, como é a postagem mais nova sei que vc verá...

abração

APLU disse...

Bala vc sabe se algum site irá passar a copa américa sub-16 feminina ???

Desculpe-me pela pergunta que não tem nada haver com a matéria.

fábio balassiano disse...

anônimo, não tenho idéia.
vou ficar de olho no desempenho dessa seleção.


abs, fábio