segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O trabalho sérvio

Campeã mundial em 2002, a Sérvia vinha ladeira abaixo. Foi 11ª nas Olimpíadas de Atenas, 15º no Mundial de 2006, em 2007 perdeu todos os três jogos no Eurobasket e em 2008 ficou fora dos Jogos de Pequim. A saída foi gritar para o técnico Dusan Ivkovic (foto ao lado) por socorro. Campeão Mundial em 1990, medalha de prata nos Jogos Olímpicos de 1988 e 1996, e tri da Europa em 1989, 1991 e 1995 pela Iugoslávia, ele atendeu com uma missão: renovar o elenco e colocar os rapazes que haviam sido campeões mundiais sub-19 e do Europeu sub-20 para ralar contra os adultos. Para se ter uma idéia, apenas três jogadores possuem mais de 23 anos (a média fica em 22,3).

Deu certo, e o vice-campeonato até certo ponto surpreendente do Eurobasket só comprova isso. Pouca gente nota, mas ao lado de Dusan (65 anos), como assistente, está Aco Petrovic, irmão do lendário Drazen e um dos grandes jogadores da Iugoslávia na década de 80 (ele foi bronze como atleta nas Olimpíadas de 1984 e nos Mundiais de 1982 e 1986). A dupla implantou um modelo de basquete bem simples, mas muito efetivo: rotação do elenco (dez atuaram por mais de 13 minutos), poucos desperdícios de bola (12,6), muita defesa (44,8% dos arremessos adversários caíram) e redução de posses de bola (o time esvazia o cronômetro e tem apenas 80 por partida).

Os destaques do time são os alas Milos Teodosic (do Olympiakos e na foto à esquerda), Novica Velickovic (recém contratado pelo Real Madrid a pedido do técnico Ettore Messina) e Milenko Tepic (Panathinaikos). O primeiro terminou com mais de 14 pontos e cinco assistênias no torneio. O segundo superou a barreira dos 11 pontos e quatro rebotes em sua primeira competição internacional. O terceiro penou nos arremessos de fora (aproveitamento de 25%), mas mostrou bom potencial físico e técnico com 8 pontos e boa defesa.

Não dá para fazer comparação com o cenário brasileiro, porque o plantio do elenco sérvio começou lá atrás, com capacitação de técnicos, aumento dos campeonatos de base e intercâmbio de informações entre treinadores (o próprio Ivkovic é conhecido pelas palestras espetaculares aos comandantes de categorias menores). Por aqui estamos na estaca zero, mas vale a pena notar que um trabalho sério, bem fundamentado e aparelhado pela federação local pode dar certo.

A Sérvia é um exemplo que deu certo. Seus frutos serão vistos nos próximos anos. O elenco é novo, possui potencial físico e técnico, o treinador é estudioso e inconformado, e a Confederação já deu um até logo para os veteranos que arruinaram a imagem do país há três anos no Eurobasket. O futuro chegou para os sérvios.

6 comentários:

Saulo disse...

O futuro pra eles chegou mesmo.

Duda Pereira disse...

Belo trabalho de renovação! Certamente, a Sérvia estará ainda melhor no próximo Mundial. Agora, Bala, o que vc achou da renovada equipe da Grécia? Vc tem informação se nomes como Papakloukas e Diamantidis não voltarão mais para a seleção? Abs

Anônimo disse...

BRUNO HENRIQUE

Com aquele Obradovic,a Sérvia en em baixa,o técnico era considerado como o melhor do mundo,ganhou titulos,foi campeão Europeu com o time de Israel etc,etc.De repente foram buscar um técnico que no Brasil seria chamado de velho,superado,fora de moda etc,e vem este técnico,veterano,mas experiente e com conhecimento.
Hélio Rubens esta ai com toda a sua experiecia,será que não serve mais para a seleção????

jdinis disse...

Concordo inteiramente com o Bruno Henrique.

O Hélio Rubens, para mim, é muito mal avaliado. Tem inúmeros títulos nacionais e, com a seleção, foi 8º colocado no mundial com uma geração fraca e lançando nomes como Leandrinho, Baby, Varejão e Splitter (com 17 anos e TITULAR).

Quando foi substituído pelo Lula, o argumento era que ele "deturpava" o "jeito brasileiro" de jogar, ou seja, exigia que se valorizasse a posse de bola.

Nesse momento o Moncho, exigindo jogo cadenciado e com a geração madura (que era muito jovem na época do Hélio Rubens) é elogiado por todos.

Que o exemplo sérvio sirva para valorizarmos o melhor técnico brasileiro (NA MINHA OPINIÃO).

Sds.

fábio balassiano disse...

duda pereira, desculpe a demora.
a grécia terá todos os jogadores pro mundial.
neste ano, diamantidis, lesionado, e papaloukas, com problemas pessoais, não puderam participar.

abs, fábio.

Anônimo disse...

A renovação Sérvia iria chegar no Basquete, lá o basquete é o esporte número 1.