quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O dilema da formação

Semana passada a brilhante Adriana Santos abandonou a carreira de atleta. No dia seguinte tornou-se treinadora das divisões de base de Americana. Seu caso é exemplar sobre o que acontece no Brasil como um todo, e no basquete em especial. Sem deixar de dar valor à carreira de jogador, para mim é muito perceptível o pouco apreço que no Brasil é dada a uma formação acadêmica sólida e estruturada.

Lembro, por exemplo, que Fábio Capello, hoje técnico da Inglaterra e com passagens de sucesso por Milan, Real Madrid e Juventus, foi assistente de TODAS as categorias de base do time de Milão por nove anos antes se assumir a equipe junior. No basquete há bons exemplos, como o de Gregg Popovich (foto à esquerda), hoje no San Antonio e antes auxiliar de Larry Brown por quase uma década. Enquanto os dois aprendiam com bons gurus, lapidavam-se e tinham a oportunidade de estudar para complementar suas habilidades como gestores de equipe.

Acho que, sinceramente, a questão não é dar valor a experiência de quadra OU à formação acadêmica. O que me deixa espantado (e chateado) é que aqui no Brasil as duas coisas quase nunca se misturam. Voltando ao caso de Adriana, a quem respeito e admiro muito, o paradoxo é simples: com que ferramentas ela exercerá a função estratégica e fundamental para os rumos do basquete brasileiro de lapidar as jovens atletas de Americana?

Nem sempre ser um bom aluno (jogador) credencia a pessoa a se tornar um bom professor.

13 comentários:

Anônimo disse...

Oi pessoal,

Só quero lembrar vcs que o Messina (Real Madrid) é formado em economia com notas excepcionais e Xavi Pascual (Barcelona) é engenheiro industrial.

Cadê suas faculdades de educação fisica?

Será que eles sabem o que fazem com seus times? heheheehe

fábio balassiano disse...

Anônimo, tudo bem?
seu argumento é até bom, mas o que quis dizer é que não só a faculdade de educação física é importante, mas sim uma formação sólida (clínicas, livros, estágios, tudo isso).
o xavi e o messina, por sinal, se formaram depois dessas 2 q vc citou.
e acho que não resta dúvida da qualidade dos dois...

abs, fábio

Anônimo disse...

verdade mesmo bala.
aqui no brasil, é tudo feito "à caceta". inadmissível isso.

augusto

Anônimo disse...

O problema tambem é que não temos uma escola de treinadores,pois muitas vezes voce não deseja ser um professor de educação física,voce só deseja ser um treinador de basquetebol.
Então precisariamos de cursos formadores específicos para atuar na área.
Vou dar meu exemplo,sou formado em em outra faculdade que nada tem a ver com a educação física,tentei fazer pós-graduação em treinamento esportivo,um curso de 2 anos,mas fui impedido pois não era formado em educação física.
Muitas vezes nós treinadores desejamos muito fazer cursos e complementações,mas cadê opcões.
Só para citar mais um,o Bernardinho tambem não é formado em educação física,mas devo concordar que ele tem uma bagagem cultural e esportiva acima da média.

Anônimo disse...

Bala me desculpa mas nos links abaixo mostram para vc que eles começaram treinar com 17 e 18 anos, ou seja, eles treinavam antes de fazer sua faculdade:

http://es.wikipedia.org/wiki/Xavier_Pascual
http://es.wikipedia.org/wiki/Ettore_Messina

O anônimo acima tem toda razão....

Abraços

Ramona disse...

Bala, pelo que sei a Adriana se dedicou a alguns cursos na França para seguir na carreira de técnica. Não acho justo citá-la como exemplo.

Anônimo disse...

Bala, muito pertinente seu comentário. O maior problema é que sabemos que algumas atletas nunca foram muito ligadas ao estudo e quando param de jogar não conseguem engressar no mercado de trabalho por não terem uma profissão. Quem conhece a Adriana Santos sabe de sua linda jornada no basquete, sua história, mas também sabe que ela não se submeteria a ganhar um ou dois salários mínimos enquanto buscaria melhor qualificação pro cargo de técnica. Portanto, o pior de tudo é saber que a escolha é pelo bolso e não por amor ao basquete.

Glauco Nascimento disse...

Isso acontece muito no Brasil. Como o Bala já disse, a questão não é só formação em Educação Física, vc pode ser um provisionado (que deve ser o caso de Adriana) e correr atrás do conhecimento que vc não tem. A faculdade tbm não forma técnicos, mas ela ensina diversas coisas de muita importância para a vida de técnico. A questão é a busca do conhecimento!

Ana Clara disse...

Pois é, o Bernardinho está aí - é um provisionado - e não sabe NADA de limites físicos dos jogadores, quer treinos de formas exaustivas, sendo muitas das vezes impedido pelos seus auxiliares - todos formados em Universidades públicas (digo de nome) na área de Educação Fisica.

A Formação faz falta SIM!!!!

FORA CREF E CONFEF, FORA BANDO DE PROVISIONADOS DO ESPORTE!!!!!

Anônimo disse...

Acho que a coisa está sendo abordada de modo errado...Os técnicos de renome internacional, não formados em Educação Fisica, como o Bernardinho, por exemplo, são excessões reveladas a partir de um sistema errado!Tenho certeza, que existem muitos técnicos talentosos em todo o país a espera de uma oportunidade que nunca lhes foi dada!
Afinal, quem é bom técnico, aquele que está em um clube que lhe oferece todas a estrutura e "arrebanha" um monte de talentos para serem trabalhados, e mesmo assim não consegue resultados significativos, ou aquele que a partir do próprio trabalho consegue transmitir conhecimento, ensinando fundamentos, e muitas vezes se equiparando em resultados com técnicos "mais estruturados".Conheço muitos técnicos excelentes no interior do País, com muito conhecimento. Só que, infelizmente, não estão ao lado das poucas pessoas que ainda dirigem os poucos clubes que tentam revelar as poucas atletas que ainda temos.
Por que não procurarmos talentos técnicos também?
L.G

Anônimo disse...

... Adriana freqüentou a escola de técnicos na França Brevet d'Etat e Centre Regional d'Education Physique et Sportive "CREPS DE TOULOUSE...


Fonte: http://pbf.blogspot.com/2010/01/adriana-santos-encerra-carreira-de.html

Jalber Rodrigues disse...

Fábio, no blog do professor Paulo Murilo clique aqui pra ver esta acontecendo um debate como esse de formação, a quantidade de variáveis para essa questão é muito grande como se ve acima nas discussões defendo a questão que bons e maus profissionais existem em qualquer profissão mas queria ver um desses anônimos dar seu filho a um ex paciente de hipertensão para que o mesmo cuidasse desse problema na criança em questão!! Fácil não?!! O fato é que se o Bernardinho, que tem uma equipe grande pro trás dando respaldo, seria melhor ainda do que é com conhecimentos específicos adquiridos na graduação!! A formação academica por se só não faz um profissional, mas aliando uma formação com experiência e muito estudo... todos os técnicos citados teem em comum serem estudiosos. E para quem assistes os tempos tecnicos hoje que tem audio veem a grande carga de palavrões e gritos que orienta os atletas. Essa discussão vai longe!! Aliás gostaria que os anônimos dissessem qual profissão exercem e se qualquer um pode tomar seus lugares . Perguntem ao Fábio como ele adorou a nova lei que da direitos a qualquer um que quiser se aventurar como jornalista!! Poderia passar o dia aqui argumentando, mas... acho que não vem ao caso.
Só pra finalizar, não seria legal ao invés de ser um ex atleta técnico ser um atleta universitário?
abçs

Unknown disse...

Por isso que adoro esse blog, sempre temas otimos.

basta uma frase do Jalber para defender o que penso.

"queria ver um desses anônimos dar seu filho a um ex paciente de hipertensão para que o mesmo cuidasse desse problema na criança em questão!! Fácil não?!!"

Continuo defendendo a tese que bom jogador nem sempre (ou quase sempre) nao é bom técnico, fora os casos dos que se formam que correm atras, etc.

AH mas as vezes o cara só quer ser técnico de basquete e tem que aprender outras coisas, na Ed. Fisica tem muitos que só querem ser Personais, ou Prof. de Musculação e tem que aprender toda area da educação.

E alem do mais, o que tem de ruim em adiquirir conhecimentos, que mesmo que não vao usar, possam um dia servir a algo.

Fora PROVISIONADOS, abram o mercado a quem estudou e se capacita cada meis mais por uma chance.

Treinar boas equipes com grandes talentos é facil. O verdadeiro técnico tira leite de pedra treinando equipes que nunca foram ngm e ensinando a elas valores da vida, do jogo e dando oportunidades para chegar a algum lugar.

PARABENS BALA PELO TOPICO