segunda-feira, 25 de maio de 2009

Vício de origem

Entro no site da Federação Paulista para saber como andam as meninas que representarão o Brasil nos torneios de base deste ano (Sul-Americano Sub-15, Pré-Mundial Sub-16, Sul-Americano Sub-17 e Mundial Sub-19). Mas me dei mal. Na esperança de acompanhar seus desempenhos, vejo que há, apenas, o registro dos pontos. Coloco acima um exemplo (Jundiaí e Americana) para vocês verem. E nem vou pegar no pé do site que coloca o nome de uma menina como "FernandO" (número 7 de Americana).

E aí fica a pergunta: se o cartão de visitas da Federação Paulista, repetido por todas as federações do país aliás, é o número de pontos, qual será o estímulo dos técnicos dessas pessoas para incentivá-las a executar outros fundamentos (passe, defesa, rebotes, entre outros)? Dentro de quadra o basquete brasileiro ainda vive a cultura do “ganha quem faz mais pontos”. Fora dela, seus dirigentes estimulam para que isso aconteça com atitudes como estas.

Quer um reflexo nos torcedores? A “convocação das meninas”, feita por este blog e pelo PBF, foi criticada pela ausência de uma chutadora voraz (Palmira) e pela inclusão de uma defensora nata (Karen, na foto ao lado). Pensam, claramente, que quem faz merece ir, e quem evita, não.

Se a cultura, que “vem de cima”, não mudar, continuaremos com uma visão turva sobre como é jogado, e principalmente ensinado, o basquete no mundo. Não dá para colocar uma estatística detalhada no site? Não coloque nada então - uma boa solução, já lançada por este blog para a LNB, seria colocar estudantes de estatística em uma espécie de estágio supervisionado.

Uma tabela só com os pontos dos jogadores é, no final das contas, um estímulo ao individualismo exacerbado em um esporte onde o jogo coletivo ainda dá mais resultado.

13 comentários:

Pedro Trindade disse...

Fala Bala, blz ?
Entendi o seu ponto de vista... e concordo com o que vc falou , mas cara, tambem convenhamos que em um jogo Juvenil - Feminino é complicadíssiiiimo termos profissionais fazendo estatisticas, isso com certeza aumentaria mais ainda o custo das equipes.
na categoria de base nao tem nem cobrança de ingresso, e os patrocinios ou sao via equipe adulta ou sao patrocinios de sobrevivencia.
até nos EUA, onde eu morei, nas categorias de base (high school) só se marca as estatisticas gerias (assistencias, rebotes, fiel goals, etc) quando era no jogo do time principal (varsity) ... nos demais (junior varsity, junior, etc) nao tinha toda essa "tecnologia".

fábio balassiano disse...

Pedro, beleza?

por isso eu falei nos estagiários.
não tem grana? usa a criatividade então, pô!

no circuito feminino, quase todas as equipes são do interior, não?
então: chega na universidade, setor de estatística, e recruta dois jovens para fazer essa medição! o sport-recife já faz isso há quatro anos! e os jovens fazem um estágio supervisionado diferenciado...
é difícil? acho que não, né...

abraços, fábio.

Pedro Trindade disse...

e só pra completar Bala, aqui no Brasil então a situação é caótica mesmo... Eu ja joguei diversos Brasileiros de Base e sempre as estatiscas eram pontos e arremessos de 3pts acertados (o cara pode chutar 30 e acertar 2, que por essa estatistica ele é melhor do que um que chuta 2 e cai 1).

No Nordeste (onde eu moro agora) então, nem os jogos do adulto tem rebotes, assistencias, etc...

portanto, acho que nao da pra criticar a FPB pq nao tem essas estatisticas em um jogo Juvenil Feminino.

Pedro Trindade disse...

é... essa poderia ser uma solução criativa mesmo.

mas os estudantes iam querer uns trocados... e a maioria dos dirigentes são mto mão de vaca quando se trata de categoria de base (mais um erro) até pq nao tem tanto retorno (financeiro).

além do que é dificil marcar estatisticas com segurança, ia ter que ter um pessoal meio que especializado em basquete.

mas a discussão é bastate valida. e a sua proposta é uma saida interessante mesmo.
abs

fábio balassiano disse...

a crítica nao foi a fpb. foi ao sistema todo.
entendo o seu ponto, mas compactuo.
abs, fábio

fábio balassiano disse...

pedro, o sport não paga nada a estudantes de estatística. é bom para eles, pô!
pessoas do segundo, terceiro período.
as federações só precisariam dar um curso no começo de cada ano.
abraços, fábio

sta.ignorancia® disse...

Bala, na minha opinião, uma seleção precisa ser balanceada, ter bons defensores e bons atacantes, senão a coisa não funciona, como vimos em Pequim, lembra? A equipe "jogava coletivamente", era "unida", sem "estrela", "voltada pra defesa" e no final deu no que deu, não tinha ninguém que encestasse.

Anônimo disse...

Acham o site da paulista ruim.. olhem a da gaúcha:
www.basquetegaucho.com.br

Tentem achar o nome dos atletas?
Detalhe, este site foi ao ar fazem 10 anos e continua igual.

Meu primo de 10 anos faz um melhor, mais atual e dinâmico.

Quem é ou era o presidente do basquete RS???
já viram onde o Brasil irá parar.

fábio balassiano disse...

sta.ignorancia®, concordo inteiramente com você. mas o que quis dizer foi o seguinte: aqui no Brasil só é bom quem faz ponto.
pro grande público, claro.
e os "meios" que poderiam mudar isso continuam a fomentar tal idéia.
insisto: se não mudar a mentalidade, não ganhará nada. mas, como vc bem diz, com equilíbrio!

abs, fábio.

sta.ignorancia® disse...

Em relação as estatisticas e a "política do cestinha é o q importa", concordo piamente com vc...

cestinha disse...

Bala Concordo 100% com sua colocação.

Anônimo disse...

Santa Imparcialidade

Bala,nunca houve estatistica, em jogos de categoria juvenil.
O que sempre foi divulgado e as vezes com atraso é um RESUMO dos jogos com os pontos.Se,isto gera um incentivo ao cestinha ou não,é o que sempre foi tanto masculino como feminino.

Anônimo disse...

Muito boa colocacao. Realmente e necessario uma mudanca nessa cultura. Morei e joguei nos EUA. La ja se tem estatisticas de outros fundamentos desde muito cedo. Eles valorizam o reboteiro, a pessoa que da assistencias, que da tocos e etc...