quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Devagar com o andor

Não sei se é a virada do ano, mas o momento exige reflexão. Outro dia conversava com uma sábia conhecedora da modalidade, e chegamos a uma conclusão: depositamos esperanças demais nas jovens revelações do basquete brasileiro, como se elas tivessem a responsabilidade de mudar os rumos de tudo no Brasil. Eu, sinceramente, admito que exagero às vezes. Nos EUA e Espanha, por exemplo, há milhares de Tassias (foto) e Bebês sendo "produzidos" por ano. Lá, porém, o desenvolvimento do esporte não depende deles. Por aqui, sempre esperamos que um desses meninos se transforme no que foram Oscar, Wlamir, Paula e Hortência, e isso não é justo.

Cada um deles será o que eles quiserem e treinarem para ser. Se vierem a ser craques, ótimo, excelente, lindo. Mas depositar uma esperança excessiva em suas mãos é mais do que injusto - é cruel, perigoso e pode gerar consequências ruins. A verdade é que o basquete brasileiro sempre viveu de seus gênios, e não de um trabalho sério e contínuo da Confederação na formação de talentos. A geração de Wlamir e Amaury (foto) foi sucedida pela de Oscar e Marcel (em menor grau, é bom que se diga), bem como a de Norminha e Maria Helena foi pela de Paula, Hortência e Janeth (em maior grau).

Viver sempre de milagres ou de fenômenos é ótimo, traz boas histórias e gera ídolos. Esperá-los, de maneira conformista e sem fazer nada para que isso aconteça, é que é o problema. O tênis conheceu dois, e vive um hiato no feminino que já dura 40 anos. No masculino já são dez. A questão, portanto, não é cobrar de meninos e meninas de 15 ou 16 anos que eles sejam como os que fizeram a história deste país, mas deixar com que eles façam o presente e o futuro por si só, sem pressões injustas e exageradas.

Para isso acontecer só há uma fórmula, e não é mágica: trabalhar forte na base, sedimentar os pilares da modalidade e deixar com que os ídolos surjam naturalmente. Que em 2009 os deuses do basquete iluminem a cabeça daqueles que gerenciam este esporte no Brasil e a de todos nós também, com muita paz, sucesso e saúde.

5 comentários:

Anônimo disse...

Muito boa essa postagem.
Ressaltou o que realmente acontece.

Penso também que hoje muitas vezes as promessas, os destaques...estão nivelados por baixo, estão se destacando pelo nível ruim de competição. A equipes são muito fracas, e quando sem tem alguém um pouco mais habilidoso, já se coloca como PROMESSA. (sem tirar méritos).
É só analisar os destaques do Brasil, quando vão para olímpiadas, não conseguem jogar.

Anônimo disse...

Adorei a postagem...

Na minha opinião oq realmente falta para que, apesar da desorganização que temos e do pouco planejamento existente, é um maior conhecimento para aqueles técnicos que apesar de tudo ainda seguem firmes tentando revelar talentos!!No Brasil o talento e a vontade de poucos ainda supera a desorganização, no entando nossos técnicos "formadores" vivem de conhecimentos empiricos ou são auto-didátas!!Acho que apesar de tudo ainda poderemos colher muito bons frutos se começarmos a dividir e dissiminar conhecimentos!!Fica dificil para qualquer um trabalhar com atletas em "AUTO NÍVEL" se este não tiver uma boa base. Não falo dos atletas que já com 16 ou 17 anos já estão nesses clubes de SP, e sim daqueles que buscam a criança com 10, 11, 12 anos ou menos, mas que não tem um conhecimento cientifico e técnico adequado com a real necessidade dessa criança. Precisamos primeiro investir nesses profissionais, e só assim depois rever as outras necessidades, ou correremos o risco de ficarmos com uma "lacuna" gigante, sem bons jogadores!!!
(Opinião pessoa)

Leigo

Unknown disse...

Assino em baixo

Anônimo disse...

concordo plenamente, e acrescento: não só o investimento na base é muito necessário, como é preciso que tenhamos um basquete adulto bem organizado, pois se o garoto joga basquete a vida inteira, mas chega aos 21-23 e não tem aonde jogar, abandona o esporte. o investimento tem de ser de cima abaixo, de baixo acima.
abração, Bala, feliz Ano Novo para vc e para todos nós!

fábio balassiano disse...

pra vc tb, adriano!
obrigado pela força de sempre aqui no blog
seus comentários são sempre mto legais.

abs, fábio