quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Sobre as leis de mercado

Não é fácil a questão levantada por Wlamir Marques no orkut e pedida pelo Adriano na caixinha de comentários. Direitos de televisão fazem parte de uma engrenagem complexa chamada negócio, fato que os dirigentes esportivos brasileiros ainda se negam a ver.

Cedê-los com exclusividade às Organizações Globo, como fez a recém criada Liga dos Clubes e fazia a CBB, faz parte do jogo – principalmente para quem não tem poder de barganha algum. Chora menos quem paga mais. Não tem jeito. Capitalismo/mercantilismo cruel? Pode ser, mas é assim que funciona no mundo todo. Quando morava na Espanha (2006), Real Madrid e Barcelona, em conjunto e sem o consentimento da Liga Espanhola, venderam 80% dos seus jogos a uma rede de pay-per-view. Ou vocês acham que os Sporting Gijón X Málaga na ESPN são coincidência? Não são!

É evidente que para o produto basquete a cessão dos direitos de TV para diversos canais (três fechados: ESPN, Sportv e Band Sports; e um aberto) seria o ideal. Em um momento onde uma liga desvinculada da CBB é criada e a modalidade toca o fundo do poço, quanto maior exposição, melhor. Eu também gostaria de ver quatro ou cinco jogos diferentes por semana. Mas infelizmente, e digo isso com pesar, isso é utopia. Quem paga mais caro clama pela exclusividade, e isso também faz parte do código “tácito” do mercado (NBA, Champions League e Libertadores não me deixam mentir).

Romper barreiras, como o basquete poderia tentar fazer, seria legal, sem dúvida. Mas, sinceramente e com pesar novamente, não creio que isso seja possível. Para popularizar a modalidade não é preciso unicamente de mais canais de televisão, mas de organização, divulgação, gestão, administração séria e transparência. Quem sabe quando atingir um ponto como a ACB, da Espanha, a Liga Brasileira possa brigar pelo que lhe parece mais justo para o esporte.

Concordam ou discordam? Comentem na caixinha!

5 comentários:

Anônimo disse...

Concordo plenamnete

Anônimo disse...

Concordo inteiramente com o comentário mas não sei se foi a melhor opção feita pela Liga Nacional.

O vôlei teve o início de seu boom nos anos 80 com transmissões da Bandeirantes. Agora, que está consolidado na preferência nacional e tem mercado, os jogos passam nos canais Globo.

Acho que seria melhor opção, em um primeiro momento, investir na divulgação do "produto" (que está em baixa) e só posteriormente pensar em lucrar. Na Espanha (que foi citada no comentário),as imagens da 2ª divisão (LEB oro) são liberadas gratuitamente na Internet mas não acontece o mesmo com a ACB. São dois "produtos" diferentes que merecem tratamento diferente.

Por outro lado, inúmeros jogos de basquete transmitidos mas com baixo nível técnico serviriam para melhorar ou piorar a imagem e popularidade do esporte?

Fica uma sugestão: por quê não ouvir o "outro lado", ou seja, a Liga de Basquete? Até agora apenas críticas foram divulgadas mas acho necessário que sejam ouvidas as explicações e justificativas da escolha. Acho que ajudaria a avaliar melhor uma situação que, conforme exposto no Blog, é complexa.

Outra sugestão: entrevista com o Luciano do Valle, que ajudou e muito na divulgação do vôlei, para ajudar a entender como ocorreu todo o processo nos anos 80.

Abs.

Anônimo disse...

muito boas as sugestões do jdinis, como de costume. falar com o Luciano seria excelente. eu mesmo vou buscar essa entrevista; se vc fizer primeiro, fabio, paciência... hehehe

eu conversei com o telmo da federação capixaba no dia da final do carioca e ele chamou minha atenção pro stock car, q já era um bom produto, mas a globo transformou num produtaço. mesma coisa pro volei de praia. e a gente acha lamentável agora, mas eu nao ficaria surpreso se o tal "showbol" virasse mania na base da insistencia deles e dos grandes nomes.

eu achava q, por ter comprado as olimpíadas, a record talvez estivesse interessada em promover esportes olímpicos e já ir ganhando em cima da globo... mas o basquete masculino daqui, hoje em dia nao é esporte olimpico mesmo... tenho medo da globo diminuir a cobertura de esportes olimpicos tbm.

o telmo disse o mesmo q vc disse, fabio. quem quer exclusividade paga mais, e a proposta foi muito maior. precisa de uma exposição numa grande rede. é rezar para q a globo dê-nos mais do que migalhas e não nos troque por showbols, beach soccers e outros. e que a liga faça um trabalho de marketing por fora, exija cumprimento de contrato. pq qualidade de basquete, há. talvez não tenhamos uma liga como a espanhola ou italiana, mas ainda temos bons times, como os que foram às semifinais do Nacional deste ano e os campeões da Supercopa.

Alfredo Lauria disse...

Eu entendo a indignação do Wlamir e até acho mesmo que a Liga deveria se preocupar, ao menos num primeiro momento, na popularização do esporte por aqui, colhendo os frutos no futuro.

Agora, não dá para simplesmente deixar os canais ESPN na posição de vítima dessa história.

Que tal guardar uma pequena parcela do dinheiro gasto com as "dezenas" de partidas internacionais transmitidas durante o final de semana para investir um pouco mais no basquete?

Apenas hoje nos 2 canais da emissora: 1) Liverpool x Hull City; 2) Vitesse x PSV; 3) Roma x Cagliari; 4) Valladolid x La Coruña; 5) Juventus x Milan; 6)Atlético de Madrid x Betis

São 9 horas de partida, totalizando cerca de 12 horas de transmissão de partidas internacionais de futebol, a maior parte de qualidade extremamente duvidosa.

E eu tenho certeza que sai mais caro do que a Liga Nacional de Basquete.

Anônimo disse...

Mas Fábio, os pacotes de futebol, com exceção do que você lembrou de Real Madrid e Barcelona, são fechados. Você compra os campeonatos.
Eu, sinceramente, acho uma palhaçada existir exclusividade para qualquer transmissão esportiva. Acho que deveria se ter um preço alto e quem puder pagar tem o direito de transmitir a competição. Você tem que se diferenciar na qualidade da transmissão e não impondo a sua grade. Seria melhor para quem vende e para quem compra. É melhor receber cinco cheques de, sei lá, R$ 1 milhão do que um de R$ 3 milhões. Enfim, é uma utopia da minha parte. Isso nunca vai mudar mesmo.
valeu,
marcelo