
BALA NA CESTA: Como técnico, você é um dos maiores vencedores do basquete feminino. Entre 1993 e 2000, quando dirigiu a seleção australiana, obteve duas medalhas olímpicas (bronze em 1996 e prata em 2000) e um bronze no Mundial de 1998. Como foi a transformação

TOM MAHER: O basquete australiano cresceu rapidamente quando soube conciliar técnicas de defesa com a já existente mentalidade que a gente já tinha em defender (sem saber direito como fazer, obviamente). Foi um processo árduo, mas quando conseguimos, vencemos e prosperamos.
-- O basquete australiano cresceu no mesmo período em que o brasileiro regrediu. Como um país sem tanta tradição se transformou em um dos maiores do mundo do basquete?
-- Acho que o basquete brasileiro tem uma tradição imensa e produziu grandes jogadoras nos últimos anos. No momento, aparentemente vejo que o Campeonato Nacional de vocês está patinando, e isso não é bom. Na Austrália temos uma vantagem: além de estarmos criando uma cultura de massificação da WNBL entre o público consumidor, há o Instituto do Esporte Australiano (AIS), que cuida dos jovens talentos de todos os esportes. Os melhores entre 16 e 17 anos já jogam na liga. É um processo completo: desde a formação de fundamentos, psicológica e de cidadania, até a “entrega” aos clubes que potencializarão as suas capacidades.

-- A WNBL é uma liga composta por dez times de todas as regiões da Austrália. São 11 jogos dentro de casa, e outros 11 fora. Acho que ainda não somos uma liga realmente de elite, mas apenas a WNBA, a Euroliga e a Liga Russa são melhores que nós. Sofremos um pouco por causa do calendário, e por isso as nossas melhores jogadoras não atuavam por aqui. Mas isso vem mudando, porque estamos na fase de transição entre uma WNBL semi-profissional e outra profissional (futuro bem próximo). Assim sendo, aquelas que ganham muito dinheiro fora não vêm para cá atuar, e mesmo assim creio que temos um grande campeonato. Elyse e Liz jogam comigo porque temos uma filosofia de desenvolver os jogadores no Bulleen. Elas sabem que o nosso foco é na formação, e que essa é uma grande oportunidade para sejam conhecidas e em breve estar no time adulto australiano.

-- Pelo que você diz, há uma atenção imensa com a formação do atleta. Como é este trabalho neste sentido?
-- Nós, da Austrália, temos tido bons resultados nas categorias inferiores principalmente porque há uma equipe do AIS jogando na WNBL. Eles perdem muitos jogos, mas seu objetivo principal é a formação das atletas. Isso é muito claro. Nosso foco aqui na WNBL, sinceramente, não é em verificar quantas partidas o jovem atleta ganha. O lance é: temos que fazer estes talentos sustentarem seus desempenhos durante toda a carreira. Só colocar no time de cima não adianta. O correto é formá-los e dar-lhes todas as ferramentas para que possam desempenhar o melhor durante muito tempo.

-- Cara, eu tenho tantas memórias, e grandes memórias, mas uma me chama mais atenção: foi quando treinei a minha esposa (Robyn Maher, na foto ao lado) como capitã do time em Atlanta, 1996. Foi realmente emocionante. De todo modo, não gosto de colocar apenas um momento como o melhor, porque tive ótimas experiências na China, nos Jogos de Atenas com a Nova Zelândia e também com meus sete títulos na WNBL. São muitas emoções, né?
2 comentários:
Muito legal Bala! Confesso que não esperava o papo logo com o Tom Maher! Mas foi interessante saber um pouco de como funciona a estrutura do basquete feminino australiano hoje. É a já batida frase "quem planta, colhe". Ótimo exemplo!
Excelente. Genial mesmo.
Deviam ler isso na CBB e ir à Australia tentar aprender algo.
Ficar só no discurso não dá.
Mas, aquela velha questão, já temos todos os sabe-tudo por aqui ne ?
Pra que ir na Argentina, Espanha,Australia, Turquia, Grécia.. é perda de tempo nao é mesmo ?!
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