quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O comandante

Depois de ter conversado com Diana Taurasi (a entrevista você leu aqui ontem), pedi para bater um papo com o comandante do time norte-americano, o italiano (de Montella) Geno Auriemma, que aos 56 anos dirige pela primeira vez a seleção do país que busca retomar o título perdido no Brasil há quatro anos. Direto de Salamanca, o técnico da Universidade de Connecticut conversou com o Bala na Cesta.

BALA NA CESTA: Para quem convive com um grupo de atletas por um grande período de tempo, está sendo complicada esta adaptação ao "jeito seleção de ser"?
GENO AURIEMMA: É uma boa pergunta, e me fiz essa indagação antes de aceitar o cargo. Sou um cara que gosta do contato de dia a dia com as atletas, de evoluir passo a passo, e aqui as situações tendem a ser mais rápidas. De todo modo, já trabalhei com a maioria delas, conheço o jogo de todas e a mudança é bem menos traumática do que imaginava.

-- A troca de um grupo mais experiente por um mais novo foi escolha sua, então?
-- Não exatamente. A geração que conquistou inúmeros títulos pelos EUA terminou o seu ciclo, e uma outra está vindo por aí. Temos um grupo bem atlético, muito talentoso e ao mesmo tempo muito jovem. Isso é óbvio que pesará em algum momento do Mundial, uma competição muito complicada. De todo modo, todas aqui sabem o que pode acontecer se a gente não estiver muito concentrado e preparado. O tombo contra a Rússia ainda está vivo em nossa memória.

-- Mesmo assim, uma coisa em comum há entre a seleção norte-americana e a Universidade de Connecticut, que você treina: ambas estão acostumadíssimas a vencer sem parar. Como é isso para o técnico?
-- Isso é verdade. Tanto em UConn quanto aqui qualquer derrota vai ser encarada como catástrofe, e quanto a isso já estou acostumado. Mas é importante lembrar que o basquete mundial evoluiu bastante, e ao contrário de quando eu fui assistente da seleção em 2000, atualmente há um grupo de cinco, seis países que pode brigar por medalha.

--Neste grupo há uma atleta que você conhece bem, a Tina Charles (foto), cujas chances de ela brilhar na República Tcheca são muito boas. Poderia falar um pouco sobre ela?
-- Tina teve uma carreira brilhante comigo em Connecticut e neste ano foi para a WNBA. Confesso a você que não acreditava que sua temporada de estreia seria tão boa, mas os números mostram (15,5 pontos e 11,7 rebotes) que ela foi a caloura do ano com toda a justiça. Ela é uma menina muito especial, dentro e fora da quadra, e tenho certeza que será uma estrela deste esporte em muito breve. Para mim, posso dizer que é muito bom treiná-la novamente, pois é uma jogadora muito dedicada e sempre disposta a aprender - o que, acredite, é bem difícil de se encontrar.

-- Austrália e Rússia são mesmo os rivais a serem batidos, ou algum outro país pode entrar aí? E o Brasil, onde fica nessa história toda?
-- Creio que as duas seleções que você citou de fato são as mais perigosas mesmo, mas não podemos descartar a ninguém. Sobre o Brasil, conheço bastante as duas que agora disputam as finais da WNBA (Érika e Iziane). Não estou tão apto a analisar o time do seu país, mas sei que o elenco está bem renovado e que há sempre ótimas jogadoras surgindo.

-- Você vem de duas temporadas invictas com Connecticut e, portanto, não perde um jogo há mais de dois anos (desde a semifinal do Final Four de 2008 contra Stanford). Você fica pensando sobre isso?
-- Olha, perder eu sei que vou em algum momento. Mas eu só espero que não seja neste verão com a seleção (risos).

9 comentários:

Anônimo disse...

Boa Bala, valeu pela entrevista.

fábio balassiano disse...

Valeu, anônimo. Abs, fabio

Anônimo disse...

USA= Taurasi,Sue Bird,Tina e Geno Auriemma;
BRASIL= Alessandra, Helen, Iziane e Carlos Colinas.
Será que é somente eu que tenho essa sensação de que estamos indo pelo caminho totalmente errado?Teremos uma olimpiada em casa daqui a 6 anos; e as americanas já estão no seu segundo ciclo, e nós até hj estagnados no feminino.Nada contra o Colinas, mas dá para perceber o abismo e o propósito de inovação entre os dois treinadores, não?Será que o basquete feminino brasileiro merece ser tão maltratado assim?

PS:Nada contra Ale e Helen , acho elas excelentes atletas e devemos muito,mesmo a elas, mas o espaço tem que ser dado a outras, está o exemplo ai na foto abaixo com a menina.Depois de ler esse post e um outro que fala da Isis, começo a me desanimar com esse esporte que tanto curto!!NÃO É A TOA QUE OS USA GANHAM TUDO QUE QUEREM E QUANDO QUEREM!!

Anônimo disse...

CBB é lugar de pessoas bandidas
Alessandra/D.F

Fabio Martins disse...

Xara, o tecnico Geno e nascido na Italia, mas vive aqui desde os 7 anos de idade. Da maneira colocada no seu texto, parece que ele formou- se no basquete da Italia e veio para ca, o que nao e complemente correto.
Posso crer que ele seja NORTE-AMERICANO tambem.
Meio "bairrista" esse comentario "o italiano (de Montella)" seu, nao e!?
Nao e culpa sua nao, mas a cultura dai....vale a pena se policiar para evitar esses deslizes, OK!?
Continue com o EXCELENTE trabalho e servico ao basquete!

fábio balassiano disse...

Tem vezes q queria ter a visão de vocês, xará. So disse que o cara é italiano. Nada mais.

Abs, fabio

Fabio Martins disse...

Xara-

E como minha mae sempre diz: "O que seria do Azul se todos gostassem do Vermelho".
E por isso que voce mantem este espaco de debates....ou voce acha que eu nunca revisei minha opinioes, lendo seu "blog" ou atraves de outros (bons)comentarios nas caixinhas de discussao?
A vida e assim mesmo! :)

E viva o Basquete Brasileiro, que ainda consegue alguns "dedicados" como voce!

fábio balassiano disse...

É isso mesmo!
Sem problemas.
Abs, fabio

Anônimo disse...

O cara não tá nem um pouco preocupado com o Brasil...


Jorge M P