quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Questão de adaptação, por Miguel Romano

Conversei, na semana passada, com Miguel Romano (na foto), jornalista do La Nación - ele cobre basquete para a publicação há dez anos. Após o papo, pedi que ele escrevesse um pequeno texto sobre a chegada de Rubén Magnano à seleção brasileira. Você confere abaixo.

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Aqui da Argentina sabemos que Rubén Magnano tem as condições necessárias para recolocar o Brasil no topo do mundo. As razões são muito simples e concretas: a sua capacidade, seu profissionalismo e sua atitude vencedora. Mas não é só isso: o jogador brasileiro possui um talento natural extraordinário.

No entanto, penso que o sucesso de seu trabalho depende de uma adaptação de ambas as partes. Magnano precisa entender as idiossincrasias dos brasileiros e não ser extremamente rigoroso como foi na Argentina, onde o talento não sobrava e todos os jogadores sabiam que sem disciplina tática, trabalho forte dentro de quadra e comportamento adequado fora dela seria difícil de alcançar algo grande. E o jogador brasileiro deverá se entregar com precisão às suas recomendações. Uma coisa, porém, eu garanto: o crescimento dos atletas está assegurado.

Já o outro ponto que Magnano deverá trabalhar com a CBB eu julgo mais difícil. Refiro-me à melhoria do trabalho nas divisões de base. Isso vai depender de um funcionamento mais complexo, caro e de longo prazo. Formar os treinadores e instruí-los sobre como eles devem cuidar e se dedicar aos jovens é uma tarefa bem mais complicada e árdua, e cujos resultados não são tangíveis em pouco tempo (por aqui demorou mais de dez anos).

Não vai ser fácil, mas pode ser altamente positivo.
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Miguel Romano é jornalista do La Nación e possui um blog no site do Canchallena.

Um comentário:

Bruno disse...

Bom comentário do jornalista argentino.
Realmente ambas as partes vão precisar de um pouco de tempo e de boa vontade para fazer a relação ser exitosa, mas acho que o Brasil e a cultura brasileira de basquete precisava de um treinador como Magnano, que imprima um pouco mais de disciplina dentro e fora das quadras.
e, com sinceridade, com excessão dos EUA e, no momento a Espanha, nenhum pais do mundo pode almejar algo no basquete de hoje sem forte carga tática, por mais talento que tenha.