
Lucas “Bebê” não pensava em outra coisa que não o futebol no começo da adolescência. Convidado pelo amigo Cleverton, o gigante, então com mais de 2m de altura, foi treinar no Central (clube de Niterói) com aos 14 anos e não parou mais. Em pouco tempo conquistou títulos pela agremiação, foi convocado para as seleções de base e se transferiu para o Estudiantes, da Espanha. Na última semana, porém, Bebê alçou um vôo incrível: foi o principal responsável pela campanha do Brasil no vice-campeonato da Copa América em San Antonio - ao técnico Walter Roese, aliás, só elogios: "ele meu deu muitos conselhos, mas pegou muito no meu pé também (risos). Com médias de 15,4 pontos, dez rebotes e 5,4 tocos, o jogador de 2,13m impressionou tanto que saiu do Texas direto para o Centro de Treinamento de Lagardere Unlimited (Los Angeles), onde treina atualmente. Da Califórnia, a grande revelação do basquete brasileiro conversou com seção “
Muito Prazer”, do Bala na Cesta.
BALA NA CESTA: Em primeiro lugar, queria que você nos contasse como foi a Copa América de maneira geral, e a partida contra os EUA em particular. Vocês esperavam tanto sucesso?
LUCAS BEBÊ: Eu realmente entrei muito focado naquela decisão, mas acima de tudo só consegui aquele sucesso todo de um modo mais amplo graças ao apoio de toda a equipe. Nós éramos mais do que um grupo - formamos uma família. Conforme a equipe foi crescendo na competição, fui ganhando confiança e crescendo junto com ela.

-- Você foi eleito para a seleção ideal do campeonato, e ganhou, além da medalha de prata, um punhado de elogios. Muita gente diz, até, que o Draft de 2011 já terá você na lista. Como isso bate na cabeça de um menino que não tem 18 anos? Está sendo tudo muito rápido? Algum elogio, ou encontro com o Dwight Howard por exemplo, te chamou a atenção?
-- Sempre sonhei em jogar na NBA e as coisas estão acontecendo muito rapidamente, sim. Tenho que me preparar bastante e já comecei um trabalho aqui nos EUA e vou continuar trabalhando na próxima temporada na Espanha pensando nisso. Quanto ao Dwight (os dois na foto à esquerda), ele é um cara muito simpático e me deu muitos conselhos - vou procurar segui-los sempre. Outro elogio que me deixou muito contente foi o do mestre Wlamir Marques. Eu e minha família ficamos muito emocionados ao ler o que ele escreveu. Não vi o Wlamir jogar, mas sei que se trata de uma lenda do basquete brasileiro.
-- Você fez parte de um projeto de basquete muito bom aqui no Rio de Janeiro, o Central. Como foi este começo, e como tem sido a sua rotina no Estudiantes, clube espanhol para o qual você se transferiu?
-- Devo muito ao Central, ao Rodrigo Kanbach (técnico), e aos treinadores com quem trabalhei lá. O clube sempre fez um excelente trabalho na base e revelou muitos jogadores, como o Fred Duarte (Torrejon, da Espanha), Yan (Flamengo), Douglas (Palmeiras) e outros. Por isso a minha transição para a Espanha foi tranquila. O Estudiante é um excelente clube, e o trabalho tem sido bom. Na última temporada treinava e jogava com a equipe de Juniors, tinha um treinamento específico de pivô com Juan Antonio Orenga (treinador da seleção sub-19 espanhola), e às vezes treinava e jogava na Liga EBA. O ritmo é muito puxado, mas foi bom pra mim.

-- Muita gente se impressionou com você, mas é óbvio que seu jogo ainda precisa de ajustes. No que você acha que precisa evoluir para se tornar um atleta ainda mais completo?
-- Aprendi aqui no CT da Lagardere que todo jogador, mesmo os NBA, precisam evoluir sempre. Acho que tenho muito o que aprender ainda, e por isso tenho conversado muito com o Jerry (que foi o treinador do Nenê). Ele tem me ensinado muitas coisas, principalmente no setor ofensivo. Ele me pede para aprimorar recursos como gancho e arremessos de curta distância, entre outras coisas.
-- Por fim, uma pergunta: como você imagina que sejam os próximos passos na carreira? Em uma, duas temporadas, onde quer estar? NBA é um caminho muito longo, ou já faz parte dos seus sonhos?
-- Claro que a NBA faz parte dos meus sonhos, mas quero viver o momento atual e aproveitar o tempo para trabalhar cada vez mais. Não sei como ou quando vai ser (entrar na NBA), então eu só quero trabalhar e me dedicar para alcançar os meus sonhos.
BATE-BOLAUma palavra que amo: Família
Uma palavra que odeio: Falsidade
Minha maior virtude dentro de quadra: Defesa
Um ponto que tenho que melhorar em quadra: Jogar de costas para a cesta
Uma qualidade fora da quadra: Amigo fiel
Um defeito: Falar sempre o que penso, pois isso nem sempre é bom, e as vezes magoa as pessoas.
Uma mania: Puxar o calção durante os jogo
Um sonho: Jogar na NBA
Uma cidade: Los Angeles
Um ídolo: Kobe Bryant
Um lugar: Fernando de Noronha
Uma comida: Strogonoff
Um livro: Bíblia
Um filme: Fique rico ou morra tentando
Uma música: Além do meu querer (Arlindo Cruz)
Um(a) amigo(a): Tenho vários, mas vou citar o meu irmão.
Uma bola que chutei e caiu: No jogo Minas contra Rio no Brasileiro sub-17 de 2008, quando o Rodriguinho que jogava no Fluminense arremessou a bola, ela saiu errada e eu pulei da linha pontilhada depois do lance livre e consegui cravar a bola.
Uma bola que chutei e não caiu: Lance-livre contra os EUA na final.
Um momento triste: A morte do Antonio, um ex-técnico meu de futebol quando era criança.
Um momento feliz: Tive muito momentos felizes nessa fase atual depois da Copa América.
Um técnico: Rodrigo Kanbach (Central)
Uma frase: Talento ganha jogos, mas trabalho em equipe ganha campeonato.