"Conheci o Bira ainda novo, sem nenhuma experiência e com poucos meses de treinamentos, jogando com 18 anos no Floresta, hoje Clube Espéria. Alto, canhoto, elástico, magro, muito assustado com o assédio ao seu redor. Ali já começava a chamar a atenção pelos seus dotes físicos e menos pelas suas qualidades técnicas. Estava surgindo um jogador que nos faltava.
O basquete brasileiro necessitava urgentemente contar com aquelas qualidades físicas, pois naqueles tempos só tínhamos o Sucar como jogador acima dos 2m. Muito cedo o Bira foi lançado às feras. O Floresta convidou o XV de Piracicaba para um jogo amistoso nas suas dependências em 1961 e ali eu vi o Bira pela primeira vez. Jogava ao lado de dois irmãos lituanos, o Radvillas e o Mindaugas. Era uma equipe treinada pelo Pedroca e já nos davam trabalho pelo tamanho desses jovens atletas.
Muito cedo o Bira também foi convocado para uma seleção brasileira - sua evolução foi rápida. Isso aconteceu em 1962 quando o Renato Brito Cunha, o técnico, montou uma seleção mesclada com antigos e novos jogadores para uma turnê em Porto Rico. Jogamos sete vezes contra aquela seleção e o Bira em todas foi chamado para jogar. Percebíamos a sua inibição, pois ele tinha muito pouca rodagem, mas ele nunca se intimidou. Sempre foi um grande guerreiro, essa era a sua principal marca.
Na volta de Porto Rico, levei o Bira para dormir na minha casa. Chegamos tarde e ele não tinha onde passar a noite. Dali surgiu uma amizade que perdurou até o dia da sua morte. Jogou na seleção brasileira comigo de 1962 até 1970 e no Corinthians de 1963 até o ano de 1970, quando ele foi jogar na Itália.
Portanto fico muito feliz que ele tenha recebido esse prêmio. Ele é merecedor pela sua luta e pelo seu espírito em prol do basquete brasileiro. É justíssima essa conquista. Parabéns, Bira, você conseguiu. Jamais me esquecerei de você".
Wlamir Marques é bicampeão mundial e escreveu este texto em sua comunidade no Orkut. A homenagem é para o amigo Bira, indicado para o Hall da Fama ontem.
6 comentários:
maneiro o texto
wlamir é o próximo!
grande ídolo
guga
Bala: Existe uma tendência dos mais velhos em achar que os tempos antigos eram melhores, que a Seleção de 70 era melhor, que a Brasília e o DKW eram os melhores carros brasileiros e por aí vai, nem sempre com muito fundamento, é verdade.
Agora, isto não é saudosismo. Eu vi Bira e Wlamir jogarem, e não só eles, mas também Sucar, Rosa Branca, Norminha, Maria Helena, Heleninha, Dodi, Menon, Emil Rached, Wilson Renzi, Adilson, Gilson, Carioquinha e muitos outros. Também estive na quadra com os Irmãos Metralha (Hélio Rubens, Totô e Fransérgio), mais Fausto, Robertão e Carlão, e por aí vai. Posso dizer que todos esses me encheram os olhos e merecem estar no Hall da Fama. Já que não dá para irem todos, o Bira faz a honra pelos brasileiros que um dia jogaram, ou mesmo apenas assistiram a uma partida bem jogada de basquete.
muito legal o seu comentário, toledo!
bem legal mesmo
sorte a sua ter visto esta galera toda...
abs, fábio
Também gostei do comentário, Toledo. Parafraseando alguém, felizes são aqueles que assistiram jogos com esta turma. Orgulho-me de ter sido um dos que viu muitos jogos deles, algumas vezes bem de perto.
Reny
verdade, reny. verdade mesmo.
se vocês viram isso tudo, vocês são felizes mesmo.
abs, fábio
E eu lamento o fato de não ter visto ao vivo craques como Bira e Wlamir...rs
Bela homenagem para o Bira, sua família, ex-companheiros, amigos, enfim, para o basquete brasileiro!!!
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