quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Tiago Splitter se lesiona

Não começou bem a temporada do brasileiro Tiago Splitter no San Antonio. O pivô sofreu lesão no pé e desfalca o time texano por no mínimo dez dias. Uma pena.

Rebote em casa nova

Acabou que não coloquei aqui, mas todo mundo já está sabendo. Rodrigo Alves, do Rebote, está em casa nova. Com bonito layout na Globo.com, vale a pena visitar. Clique aqui, o Rodrigo merece.

Um time nota 5

Reclamava com meu irmão sobre as más atuações do Brasil, e ele resolveu escrever umas linhas depois dos mundiais que acabamos de ver. Se vocês já me acham nervoso, preparem-se!

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Por André Balassiano

Meu irmão toda vez reclama que não leio o blog dele. Sempre respondo a mesma coisa: “Esses caras do basquete brasileiro não jogam nada. Gosto é da NBA”. Quando falo isso, ele fecha a porta do quarto e vai embora.

Depois dessas duas belas eliminações do Brasil nos campeonatos mundiais, ele entrou no meu quarto e pediu: “você que já é bem nervoso e critico, faça um post para o blog falando tudo o que pensa”. Pensei e sinceramente gostei da ideia. Obviamente não sei metade das coisas que meu irmão sabe, não estudo, não leio muito sobre assunto. Sou apenas um viciado em esporte (tênis) e gosto muito de basquete (NBA, por favor).

Vou falar apenas do basquete masculino, o que acompanho melhor. Se falar do feminino, vou escrever um texto de 10 linhas com mais palavrão do que qualquer outra coisa. Vamos lá: toda vez que escuto alguém falando que esse time do Brasil é muito bom eu fico doido. Será que alguém acha Leandrinho, Varejão ou Huertas fora do normal? Falarei de alguns.

· Leandrinho: Acho-o bom, nada mais que isso. Falando em nota, não merece mais que um 6. O cara é rápido, com certeza, mas isso não diz nada pra mim. Que vá pro atletismo então. O arremesso dele não é bom, mas nunca vai ser um cara que pode liderar uma seleção brasileira. Não tem bola nem cabeça para isso. Merece ser titular de um time fraco como o Toronto Raptors – se é que será titular desse timeco.
· Varejão: Esse eu não gosto. Ele é muito bom em apenas uma coisa: cavar falta dos adversários. Mas o cara não é rápido, não tem arremesso, é fraco e ainda por cima é desengonçado. Serve também para entrar e fazer o jogo esquentar. Mas isso é ser um ótimo jogador? Nota 5 – estou de bom humor.
Splitter: Esse eu gosto, tem futuro. Prefiro nem dar nota, mas ele é muito melhor que todos ai.
· Jogadores como Marquinhos, Marcelinho Machado, Nezinho (esse pra mim é inacreditável) e Murilo etc. se jogar em um liquidificador, sinceramente, não sai um jogador médio. O menos pior é o Machado, que fica maluco quando fica três minutos sem chutar uma bola de 3. Tem talento, mas a cabeça dele é pior do que a minha quando jogo tênis. Isso não dá.

Outra coisa que me deixa louco vendo jogos do Brasil: por que não tem jogada de pivô? Sim, o Brasil só tem um pivô bom para fazer isso, mas não custa nada tentar, né. É difícil o armador levar a bola pro canto da quadra e o pivô receber de costas e tentar um gancho ou um arremesso? Toda hora que um armador chega ao ataque, o Brasil tem duas maravilhosas jogadas: arremessar de três pontos (isso me deixa doido) ou ir para o garrafão parecendo um doido e tentar uma bandeja. Por que o Brasil não tem jogada ensaiada? Por que fica nessa ilusão de que tudo deve ser cesta de três? Por que as pessoas dizem que Leandrinho e companhia são ótimos jogadores?

Conclusões? Vamos lá:
· Time do Brasil é fraco. No total, não merece nota maior que 5
· Jogadores da NBA são médios – nunca podem ser esperança de um basquete brasileiro para o alto nível
· Brasil não tem jogada, tática e atua sem pensar!
· Por fim: time que no banco de reservas tem Nezinho e Marquinhos não merece jogar basquete nem na quadra do Aterro (onde há quadras de recreação aqui no Rio de Janeiro).

O bom caminho

No último final de semana a cúpula da LNB se reuniu para discutir as ações de marketing para a próxima edição do NBB. De acordo com o ótimo site Máquina do Esporte, a Liga, que fechou contrato com a Penalty recentemente, se baseia em três pilares para alavancar ainda mais a competição: atrair os jovens, transformar o "jogo em entretenimento" e fidelizar o cliente.

Decididamente são boas medidas, principalmente aquelas relacionadas às mídias sociais. Se conseguir avançar na captação destes jovens fãs de basquete (possíveis e futuros consumidores), a LNB terá dado um passo imenso para colocar a modalidade cada vez mais próxima dos trilhos.

Que a LNB continue a pavimentar este difícil, porém necessário, caminho. Sei que é complicado, mas a única coisinha que sinto falta é de um maior alinhamento com a Confederação. Um trabalho mais integrado traria um retorno ainda melhor - principalmente na base. De todo modo, parabéns à liga pelas iniciativas.

O canto das sereias

No dia 30 de setembro de 2000, a ala Janeth (foto) somou 28 pontos e viu Alessandra destruir o garrafão sul-coreano com 26 pontos e 16 rebotes. Naquele dia, nas Olimpíadas de Sydney, a seleção feminina conquistava a última medalha do país em competições de alto nível.

Exatos dez anos se passaram, Janeth virou assistente-técnica, Alessandra ainda está lá com seus 36 anos e a Confederação (obrigado, Grego!) não conseguiu preparar terreno para surgirem novas meninas.

Meu único medo é que este post fique intacto para que eu registre o mesmo "aniversário-da-última-grande-conquista-do-basquete-brasileiro" daqui a cinco, dez, quinze anos. Desnecessário dizer que a CBB precisa urgentemente de um plano para as meninas, né. Que ela, então, comece isso bem rápido. Tássia, Damiris, Nádia, Fabiana, Leila, Aruzha e dezenas de jovens talentosas clamam por socorro.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Alto-falante

"Não foi um Mundial positivo. Esperávamos jogar de igual para igual todas as partidas e aproveitar a boa preparação para vencer no final. Não tivemos a garra necessária, nem a atenção para manter o jogo equilibrado até o fim. Mas saio tranquilo, com a consciência tranquila. O que aconteceu foi esporte, e no esporte você depende muito da sorte para ganhar ou perder. É claro que é decepcionante, mas minha consciência está tranquila"

As palavras são de Carlos Colinas, em entrevista ao Sportv. Sinceramente, não sei se rio ou se choro com as declarações do espanhol.

Brasil perde e está eliminado do Mundial

Fim de linha lamentável para o basquete brasileiro no Mundial feminino. Após um primeiro tempo razoável, o time de Carlos Colinas abriu o terceiro período perdendo por 20-5 e nunca mais se recuperou. Esboçou, é verdade, uma reação, mas não reduziu a vantagem da República Tcheca e perdeu o duelo por 84-70 (50-34 nos últimos 20 minutos). Para delírio da bela torcida, as donas da casa avançam às quartas-de-final, e o Brasil, que teve 18 erros, está eliminado.

Só fico triste, bem triste, que a possível despedida de Alessandra (foto) e Helen do time nacional tenha sido de forma tão triste, tão melancólica, tão para baixo. Com a história que as duas possuem, elas não mereciam isso definitivamente.

Por fim, não é possível não criticar o planejamento de Hortência (CBB) para esta competição - falo desde a escolha do técnico, que literalmente "matou" o basquete de Franciele, uma de nossas promessas, passando pelos amistosos e culminando com o baixo astral que se instalou na República Tcheca. Além disso, sua tão bajulada Iziane foi um fiasco (apesar dos 27 pontos de hoje, seu descontrole no final foi péssimo!), bem como quase todas as outras doze jogadoras (só Érika e Damiris se salvaram). Repito: algo precisa ser feito - e urgentemente.

A primeira imagem

Está aí a primeira imagem de Lebron James treinando com o Miami Heat. O ala parece empolgado e ao mesmo tempo ansioso para estrear com a franquia da Flórida. Em sua entrevista coletiva inicial, disse que respeita as opiniões de bambas como Jordan e Magic, que o criticaram por mudar de franquia, mas que fez o que seu coração mandou. Começa logo essa temporada, vai!

Quando a vitória não muda nada

É óbvio que derrotar hoje (13h) a República Tcheca no Mundial feminino seria bem legal. Por mais que signifique apenas uma sobrevida com data de eliminação marcada (contra Austrália ou EUA na sexta-feira), o time de Carlos Colinas teria a chance de, ao menos, terminar entre os cinco primeiros, o que, vamos combinar, seria um baita lucro para o basquete que este grupo apresentou.

De todo modo, a avaliação mais racional não pode se ater ao resultado de hoje, nem ao das quartas-de-final. O que se viu na República Tcheca foi um arremedo de time, erros de fundamento que reprovam a formação das jogadoras brasileiras, atletas fora de forma (se cuida, Kelly...) e um técnico que não possui a menor tarimba para dirigir uma equipe profissional.

Torço para a seleção vencer nesta tarde, mas ficaria muito mais feliz se, independente do resultado, a avaliação da CBB fosse precisa, exata, cirúrgica. Já passou da hora de o basquete feminino "discutir a sua relação". Clubes, federações, técnicos, atletas e ex-jogadoras precisam sentar e conversar. Que a Confederação promova este debate para que o futuro não seja tão sombrio como está sendo o presente.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Uma pena

Leio na ESPN que Anderson Varejão foi liberado do começo dos treinamentos do Cleveland Cavs. O motivo é triste: o atleta perdeu o seu avô e teve que voltar correndo para o Brasil. Uma pena, e que Varejão e Sandro se recuperem logo desta situação.

Tchau, Don

O Golden State Warriors não esperou o começo da temporada da NBA para demitir o técnico Don Nelson, técnico com maior número de vitórias na liga. Como torcedor, adoro ver os times de Don Nelson jogar por sua alegria e loucura. Como dirigente, jamais o contrataria. Nada contra o jogo de contra-ataque (o Phoenix o fazia de forma organizada), mas sim contra a forma desorganizada com que Nelson arma seus times.

Brasil sofre, vence e respira

Que sufoco, minha gente. Após três períodos e meio sofríveis, a seleção feminina empatou uma partida em que perdia por 37, 38 minutos, levou o duelo para a prorrogaçao com um tiro de Silvia Gustavo e, ufa!, venceu as japonesas por 93-91 para evitar, assim, a eliminação no Mundial da República Tcheca.

O técnico Carlos Colinas contou com boas atuações de Érika (incrível com 32 pontos, 18 rebotes e um maravilhoso toco no final!), Karen (10), Iziane (cinco de seus 24 pontos vieram no último minuto), Silvia (11) e Helen (nove), mas pecou demais na defesa contra, desculpe o termo, um timeco do Japão - timeco mesmo. Permitiu 11 rebotes ofensivos, um punhado de bolas de três livre (10/24 ao todo) e não conseguiu deter os corta-luzes das asiáticas.

Venceu sabe-se lá como, e agora respira para o duelo de amanhã contra a República Tcheca. Que sufoco!

Alto-falante

"A gente não está com esse talento todo, tem que ir em todas (as bolas). Perdemos muita bandeja, e quando as coisas estão dando errado, a gente tem que continuar lutando. Acho que nossa raça tem que ser mostrada mais do que vem sendo. Precisamos dar uma reviravolta nisso aí. Não estamos num bom momento, mas espero que consiga aflorar esse talento nesses dois jogos para seguir adiante", Iziane.

"Parece que as meninas têm medo de errar. Nos amistosos, estávamos indo tão bem. Agora parece que deu um branco, sei lá. Não estou gostando de nenhuma jogadora. Nenhuma está jogando o que a gente sabe que pode apresentar. Não vou falar de nomes. Mas não vou ficar comentando, porque meu grupo está fechado, unido para caramba, tentando reverter um resultado que começou negativo", Hortência.

As declarações são de Iziane e Hortência. Hoje a seleção feminina enfrenta o Japão às 10h15. Se quiser algo nesse Mundial, é bom vencer. Clima levíssimo, não?

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Brasil perde outra e se complica de vez

Houve evolução (principalmente no começo), mas o Brasil voltou a perder no Mundial da República Tcheca. Diante das fortes russas, levou um sonoro 76-53 e viu a classificação às quartas-de-final ainda mais complicada. Para tentar chegar lá, terá que vencer o Japão amanhã e as tchecas na quarta-feira.

No jogo de hoje, Colinas começou com Damiris (oito pontos e três rebotes), colocou Franciele em apenas sete minutos e viu a dupla da WNBA (Érika e Iziane) ruir nos arremessos (5/23). Decididamente, planejamento e execução não fazem parte nem do técnico espanhol, muito menos da diretora Hortência.

Agora é vencer, vencer e ver o que acontece. Mas uma coisa é certa: como já falo há 456 anos, algo precisa ser feito com o basquete feminino na CBB. Deixar do jeito que está não dá. Não há técnico, não há renovação e as jovens que podem atuar não são convocadas - ou, quando o são, são cortadas. É preciso um planejamento urgente, urgentíssimo. De preferência com alguém que saiba como fazer.

Ron Harper fala tudo

Não parece, mas o sonolento rapaz que chega ao hall do hotel em Copacabana possui cinco títulos da NBA. Depois da agitada noite de sexta-feira, o ex-armador Ron Harper, que participou de uma clínica promovida pela liga norte-americana com 40 atletas de Brasil, Argentina, México e Porto Rico, aparece com olhar perdido, mas logo se empolga para falar do que mais ama. Na longa entrevista com o Bala na Cesta, Harper, que hoje aponta Deron Williams (Utah Jazz) como o melhor armador do mundo, fala sobre tudo, sem cortes, sem tarjas, sem nada. Vale a pena conferir.

BALA NA CESTA: Como está sendo o evento? Está dentro do que você esperava?
RON HARPER: Estou gostando muito. Temos visto meninos incríveis aqui, com uma vontade grande de aprender. É legal porque eles nos perguntam, querem saber, são curiosos. Gostei bastante de dois do Brasil, outros da Argentina. O nível é muito bom.

-- Falando um pouco de NBA, você está ansioso para o começo da próxima temporada?
-- Bastante. Acho que os Lakers continuam os favoritíssimos porque possuem o melhor jogador do mundo (Kobe Bryant), o melhor técnico e a melhor dupla de pivôs da liga. Acho que te dei bons motivos, não? A questão, para mim, é quão saudável esse elenco chegará aos playoffs. Mas o Phil Jackson saberá dosar tudo isso para que na pós-temporada eles cheguem bem, muito bem. Podem falar o que quiser do Phil, mas é preciso respeitá-lo. É o cara mais inteligente da liga.

-- Você falou no Kobe como o melhor jogador do mundo, e queria que você falasse um pouco do LeBron James, que postula este, digamos, cargo. O que você achou da atitude dele de sair do Cleveland, e do futuro time do Miami?
-- LeBron é um grande jogador, mas está longe do Kobe Bryant ainda - longe. Não é uma crítica, mas o Kobe já trilhou um caminho diferenciado, só isso. Sobre a mudança do LeBron, te respondo com duas palavras: agente-livre. Nesta situação, ele poderia fazer o que quisesse – e o fez. Talvez não tenha feito da melhor maneira no final, mas fez o que considerou correto. E pronto. Sou de Ohio, moro em Ohio, adoro a cidade, e não fiquei ofendido com o que ele fez. Acho que houve um exagero tremendo nisso tudo. Sobre o time do Miami, no papel é tudo muito lindo, mas existem diferenças entre uma folha com o elenco e a quadra. Mas se não der certo com o Erick Spoelstra, a quem considero um ótimo treinador, o Pat Riley desce da sua sala e assume o time após o All-Star Game.

-- O Jeff Van Gundy disse que esse time do Miami pode bater a marca de 72 vitórias daquele seu time do Chicago...
-- Cara, eu não estou nem aí pro Van Gundy. E sabe por que eu te digo isso tudo? Porque o basquete mudou, o jogo mudou, tudo mudou. Hoje ninguém pode encostar no outro em quadra que o juiz apita falta, dá técnica, expulsa, multa, faz o diabo. Não é que está chato, mas diferente. Se aquele meu time do Chicago jogasse hoje, todo mundo seria desqualificado com faltas, e o Dennis Rodman não chegaria nem ao segundo período. Se as pessoas reclamavam do número de lances-livres do Michael Jordan naquela época, ficariam alucinadas com o número de faltas que ele receberia hoje.

-- Falando em Michael Jordan, você jogou com ele por três anos. É, sem dúvida, o maior de todos os tempos?
-- Sem a menor sombra de dúvida. Você pode discutir o que quiser comigo, mas não isso. Michael Jordan não era só o melhor arremessador, mas o melhor líder, o melhor defensor, o melhor tudo. Apenas como comparação boba: o Kobe é o melhor de uma liga em que não se pode marcar pesado, e chuta 44, 45%. MJ terminou a carreira em um campeonato com jogos bastante físicos com quase 50%. É muita coisa, não?

-- Você parece ter uma adoração por esse time do Chicago, não? Como foi a transformação daquele Ron Harper pontuador do começo da carreira para o Ron Harper cerebral dos Bulls?
-- (Risos) Cara, vou te contar uma história engraçada. No meu primeiro treino com o Chicago, estava tão empolgado de estar ali que não realizei que estava treinando com o melhor (Jordan) e com o segundo melhor (Pippen). Devo ter anotado uns 40, 50 pontos no coletivo. Estava indo tomar banho todo feliz quando o Phil Jackson me chamou em sua sala. No ato, ele me disse: “Você está achando que veio para cá para fazer pontos?”. Naquele momento eu entendi que naquele time eu precisaria marcar, anotar minhas duas ou três bolinhas por partida e coordenar as ações ofensivas. Ou seja: teria que pensar, e pensar muito, antes de fazer qualquer coisa – algo que nunca me havia sido ensinado antes, e pelo qual sou totalmente grato ao Phil, que teve paciência e confiou em mim. Acho que a mágica do jogo de basquete é essa – cada um entender as suas funções no elenco. Isso naquele time do Chicago me fascinava. Com os Lakers foi uma outra situação. Estava prestes a me aposentar, e via naquele grupo um espelho daquilo que eu fora no começo da carreira. Muita luta para conquistar seus objetivos, mas nem sempre da maneira mais inteligente. Tentei orientá-los neste sentido.

-- Você fala na aposentadoria, que deve ser um momento complicado para todo atleta, e em um de seus livros o Phil Jackson diz que tentou fazer com que você voltasse para a terceira temporada com os Lakers. Por que não aceitou?
-- Você sabe quando eu decidi realmente parar? Quando estava em um hall de hotel como este em que nós estamos conversando e me perguntei: “O que estou fazendo aqui?”. Naquele momento sabia que era o meu final. Contei para o Phil sobre isso, e ele entendeu perfeitamente a minha situação. A vida de atleta é ótima, maravilhosa, fui muito feliz nela, mas quando percebi que meu divertimento tinha se transformado em uma profissão, decidi parar. Sempre encarei o basquete como lazer, e é assim que gosto de pensar nele até hoje. Já tive alguns convites para voltar como assistente-técnico (já o foi no Detroit Pistons), mas estou feliz em casa com meus filhos.

Em busca do basquete perdido

Acho que é pedir demais uma vitória brasileira hoje contra a Rússia do trio Stepanova (10 pontos e 8,3 rebotes), Osipova (13,3 pontos e 6,7 rebotes) e Becky Hammon (8,3 pontos), mas dá para exigirmos um pouco mais de basquete das nossas meninas, não dá?

Com exceção de Érika (15,7 pontos e 10,3 rebotes) e da jovem Damiris (que entrou no último jogo e não se escondeu), a seleção brasileira ainda não apareceu para jogar na República Tcheca. Começar a errar menos (contra a Espanha foram 25) pode ser uma boa, mas só isso não basta. Milton Leite, narrador do Sportv que acompanha o torneio, fala em seu Twitter que o time "vibra pouco", e este sim é um ponto que merece atenção.

Times brasileiros nunca se caracterizaram por serem blasé. Nossos méritos e pecados sempre vieram do "modo latino" de jogar - confiança altíssima nos bons momentos, fundo do poço em momentos ruins. Que o time de Carlos Colinas ao menos busque (tentar já está valendo) buscar o seu ponto alto, o seu basquete perdido. Ainda dá tempo.

domingo, 26 de setembro de 2010

Alto-falante

"Algumas coisas estão acontecendo que nem elas sabem explicar. Quando você está ansiosa, não consegue raciocinar, não vizualiza e acaba errando. Vamos aproveitar esse domingo de folga para conversar e voltar com tudo na próxima etapa. Apoio é sempre importante, mas reconheço que, quando você tem erros primários, desanima até quem está torcendo. Não podemos cometer erros primários assim"

A frase é de Janeth, assistente-ténica de Carlos Colinas, ao canal Sportv. Clima leve, não?

Sue Bird e a chave de ouro

Aos sete anos, Suzanne Brigit foi levada por seu pai para ver uma partida da Universidade de St John. No intervalo, o papai Herschel levou a sua pequena para bater uma bolinha na quadra. O fascínio foi tão grande que os atletas esperaram que Suzanne terminasse sua exibição e um guarda chegou a pedir um autógrafo a ela. Vinte e dois anos se passaram e Suzanne se transformou em Sue Bird, mas o fascínio do público pelo seu jogo continua o mesmo. A armadora norte-americana, que ontem ajudou o time a vencer a França por 81-60, conversou ontem com o Bala na Cesta sobre o Mundial da República Tcheca, seu título na WNBA e o reencontro com o técnico Geno Auriemma, seu mentor na Universidade de Connecticut.

BALA NA CESTA: Depois dessa primeira fase, já deu para sentir como vai ser esse Mundial?
SUE BIRD: Sim. Tivemos um jogo bem complicado e estranho contra a França, e acho que daqui para frente será assim. Mundial e Olimpíadas são assim mesmo, não há muito o que escolher. Sabemos o que deve ser feito para reconquistarmos aquilo que perdemos em 2006. Estamos focadas e preparadas para isso.

-- Conversei com o Geno Auriemma, e ele disse que o ponto mais focado nas conversas da equipe é justamente esse (a concentração). Foi isso o que faltou em 2006 no Brasil?
-- Até hoje não consigo entender o que houve há quatro anos, sinceramente. Já parei, conversei, refleti, mas não cheguei a conclusão alguma. Agora, isso que você e o Geno dizem, da concentração alta, é fundamental e sabemos que realmente precisamos estar focadas. Um dia ruim, um "vôo mental", e o nosso título escorre pelas mãos. Isso é uma coisa que nós aqui sabemos: em esporte de alto nível, preparo mental e técnica precisam caminhar juntos. Não adianta nada termos um grupo forte, se ele está com a cabeça em outro lugar.

--Chegar ao Mundial depois de um título da WNBA tem dois lados, não? O da confiança, que deve estar alta, e físico, que deve estar bastante desgastado.
-- Há mais lados nessa equação aí. Estou cansada, obviamente, mas meu ritmo de jogo está alto, minha confiança está muito alta e, sobretudo, meu espírito de decisão está altíssimo. Acho que isso pode ajudar. E tem mais: representar o meu país, jogar com meninas que eu adoro, faz um bem danado. Estar aqui com elas é um prazer.

-- Uma de suas maiores rivais na competição será a Austrália, comandada pela Lauren Jackson, sua companheira em Seattle. Vocês chegaram a falar sobre isso?
-- Brinquei com ela depois do nosso título na WNBA que ela poderia descansar, porque depois de ser MVP da temporada e das finais seu trabalho estava feito (risos). Mas, falando sério, respeito muito a Lauren e o time australiano, e sabemos que será bem difícil caso encontremos elas pela frente. Somos amigas, mas quando a enfrento cada um defende o seu sem problema algum.

-- Seu técnico também foi seu treinador na faculdade. Como é a sensação de, quase oito anos depois, voltar a jogar para o Geno?
-- Estou me sentindo uma Huskie (nome dado às atletas de Connecticut) novamente, e isso é fantástico. Há mais jogadoras da faculdade por aqui (Taurasi e Tina Charles por exemplo), isso ajuda muito, mas reencontrar o Geno é bem legal. Foi um cara que me ajudou muito, que sabe como eu atuo e que entende muito de basquete. Seremos felizes mais uma vez, estou certa disso.

Hoje é dia de lavar a roupa

Antes de jogar, e provavelmente perder da Rússia na próxima segunda-feira, a seleção feminina precisa, como se diz na gíria, discutir a relação neste domingo. O técnico Carlos Colinas está perdido, erra nas trocas, fica desesperado no banco, mas não é possível que as atletas tenham esquecido o basquete no Brasil - ou na WNBA.

A aparente falta de comprometimento com a causa me parece inacreditável, e não sei se realmente algo pode ser feito até o final do torneio na República Tcheca, mas chegou a hora de as mais experientes assumirem esse barco. Se não dá para contar com a pífia CBB (e sua diretora) nem com a bagagem técnica do treinador, pois que Alessandra, Helen e Adrianinha tomem as rédeas.

É hora de lavar a roupa antes de jogar basquete. Ainda dá tempo.

sábado, 25 de setembro de 2010

Amanhã e depois

Amigos, hoje o dia está muito corrido, mas adianto algumas coisas:

-- Conversei com Sue Bird hoje, e amanhã o papo estará aqui.
-- Às 9h deste domingo, estarei no Esporte Interativo para falar sobre o Mundial Feminino.
-- Na segunda-feira, papo com Ron Harper. Ficou bem legal!

Apático, Brasil perde outra

Está difícil ver os jogos da seleção feminina no Mundial. Hoje foi uma atuação patética, apática, péssima, e a Espanha nem precisou suar para fazer 69-57. Amaya Valdemoro foi a cestinha com 17 pontos. Damiris (foto), saiu-se com 10 pontos e 10 rebotes em sua estreia na competição.

Na próxima fase, o Brasil vai enfrentar a Rússia na segunda-feira, e depois República Tcheca e Japão. Está bem complicado, na boa.

Te conheço

A seleção feminina enfrenta hoje a Espanha pelo Mundial feminino (13h) brigando pela segunda colocação do grupo. Para vencer, precisará contar e muito com a pivô Érika, que reencontrará, na República Tcheca a ótima Sancho Lyttle, a sua companheira de garrafão no Atlanta Dream.

Será que Érika levará vantagem sobre a espanhola?

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Brasil sofre (!), mas vence Mali

Foi mais sofrido do que manda o figurino, mas o Brasil venceu Mali, um time de quinta (ou sexta) categoria, por 80-73 no Mundial da República Tcheca (Helen teve 20 pontos, Iziane ficou com 17 e Érika teve 18). Na boa, não há muito mais o que possa ser dito depois de ver que as espanholas bateram as mesmas rivais por 80-36.

As africanas venceram um período (o terceiro, por 23-22), cobraram 28 lances-livres (13 a mais que o time de Carlos Colinas), apanharam 19 rebotes ofensivos, tiveram incríveis 43% de arremessos e mesmo com os 18 erros conseguiram manter a peleja equilibrada. Incrível, não?

Amanhã, aliás, é a vez da Espanha (13h), que hoje surrou a possante Coreia do Sul por 84-69, que, por sinal, ontem venceu o Brasil. Fortes emoções nos esperam.

A missão

Li no blog do companheiro Colin Foster que a CBB fechou contrato com o Bradesco no valor de R$ 14 milhões por dois anos. Se somarmos os valores da Eletrobrás, Nike, COB, TV e tudo mais, a entidade recebe, brincando, mais de R$ 20 milhões anuais. Montante considerável, não?

Principalmente por grande parte ser oriunda de verba pública (Eletrobrás), gostaria de entender como a CBB irá investir este dinheiro no basquete nos próximos anos. Clínicas de nível, melhoria na base, formação correta dos atletas e técnicos, sei lá. Como se vê, dinheiro decididamente não é tanto o problema.

Com o Centro de Treinamento em fase final de assinatura de contrato, a CBB tem, agora, a missão de apresentar um plano estratégico para os próximos cinco, seis anos de basquete no país. Será que ela consegue?

Choque de realidade

Agora com mais calma, tento entender os motivos que fizeram com que a derrota diante das sul-coreanas gerasse uma saraivada de críticas à seleção feminina (hoje, aliás, o duelo é contra Mali, às 15h30). Não creio que tenha sido pelo jogo em si, já que há quatro anos o nível é esse (fraco, leia-se).

Fico com a sensação de que o revés trouxe um choque de realidade para todos - definitivo. Hoje, infelizmente, o basquete feminino do Brasil é fraco, fraquíssimo. Como sempre, a modalidade vive de ciclos - e este é o grande, grandíssimo, equívoco. Quando tinha Maria Helena, foi bronze em 1971. Quando teve Paula, Janeth e Hortência, ganhou tudo e mais um pouco. Quando não há craques, aí o bicho realmente pega.

E nessa seleção não há craque. Na verdade, o basquete brasileiro (masculino e feminino) não possui craque, e é duro constatar que Alessandra, aos 38 anos, ainda tenha um desempenho melhor que jovens como Franciele ou Fernanda Beling. Fala muito sobre a péssima formação (mental, física, técnica e de leitura de jogo) das nossas atletas, fala muito sobre como o basquete foi sucateado nos últimos anos.

A derrota de ontem não foi a primeira e nem será a última, mas mostra que o basquete feminino, sempre tão relegado a segundo plano pela CBB, público e imprensa, agora não tem mais as milagreiras em quadra. Aquela que tanto brilhou e que agora fica do lado de fora tampouco ajuda, e o cenário é realmente trágico.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Fico com as palavras do Bert

Acabo de chegar em casa, e logo ligo a televisão para ver o VT do jogo do Brasil. Enquanto isso, leio as opiniões pela rede, e concordo absolutamente com as palavras do Bert (leia aqui). Amanhã volto com mais detalhes, mas uma coisa tem me irritado demais no esporte brasileiro de um modo geral: a facilidade que temos de perder contra equipes mais fracas. Foi assim na Copa Davis do final de semana passado, foi hoje contra a Coreia do Sul, é assim sempre.

Perder para times melhores eu respeito e entendo, mas viver perdendo de timecos é complicado.

Alto-falante

"Eles são talentosos, mas nem sempre só talento basta. Vence quem está mais entrosado, mais coeso. Nós construímos isso, mas se o Miami conseguir esta união, e conseguir rápido, eles podem, sim, chegar longe. De todo modo, sempre lembro quando Wilt Chamberlain foi trocado para os Lakers e jogou com Elgin Baylor e Jerry West. Juntos eles nunca ganharam nada"

Quem diz isso é Phil Jackson, técnico do Los Angeles Lakers que fala sobre o tão aguardado time do Miami Heat. Eu sinceramente não vejo a hora de o confronto do Natal (Lakers e Heat) começar.

Derrota no começo

O Brasil perdeu da Coreia do Sul por 61-60 na estreia do Mundial da República Tcheca. Não vi o jogo, mas no meu celular vejo os relatos bizarros da atuação do time de Carlos Colinas (3/21 nos três pontos, 19 erros e desperdício de Adrianinha no segundo final).

Viu o jogo? Então comente aí que depois eu volto!

É hoje

Pode parecer "apenas" uma estreia de Mundial (nesta quinta-feira, às 10h15), mas vale bem mais do que um começo de jornada feliz na República Tcheca. A seleção feminina de Carlos Colinas precisa e muito vencer a Coreia do Sul para ter um confronto menos complicado lá nas quartas-de-final. Vale lembrar que o duelo final da fase inicial de grupos é contra a forte Espanha de Valdemoro e Sancho Lyttle.

Para isso, é fundamental que hoje, contra um time com estatura baixa, o grupo brasileiro use e abuse do jogo de garrafão com Érika, Franciele, Kelly, Alessandra e Damiris. Além disso, não cair no jogo de velocidade das asiáticas é também essencial. Com um elenco rodado (alguém imagina Helen e Alessandra correndo sem parar?), sem entrosamento e lento, seria um tiro no pé.

Torço para a seleção brasileira, e torço muito para que o famoso "nervosismo da estreia" (acho isso um porre!) se restrinja ao hino. Que as meninas continuem honrando o nome do país em competições de alto nível. Elas merecem.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

É fake

Recebo a nota da assessoria de Anderson Varejão que informa que os três perfis do atleta no Twitter (http://twitter.com/andersonvarejao, http://twitter.com/varejao17 e www.twitter.com/real_varejao17) são falsos. Varejão não possui conta no Twitter.

Alto-falante

"Fiquei muito empolgado com o convite. A Liga é a grande motivadora do basquete brasileiro e trabalhar numa entidade que presta esse serviço é uma honra e uma grande responsabilidade. Chega um momento na carreira em que você pode contribuir também do lado de fora. Pode não parecer, mas eu já tenho 38 anos de carreira como técnico, não é pouco tempo"
A frase é de Lula Ferreira (técnico), novo gerente técnico da LNB. O atual campeão do NBB não estará dentro de quadra na próxima temporada, mas sim no desenvolvimento técnico das competições e dos clubes associados à Liga.

Um pouco de otimismo

Mesmo cansada após extenuante jornada dupla (Espanha e WNBA), Érika parece bem otimista em seu retorno à seleção brasileira (sua última aparição havia sido justamente no Mundial de 2006).

- Quero ajudar o Brasil a ficar entre as três melhores do mundo e vou lutar por isso — disse a pivô ao site da CBB.

A frase é legal, bonita, animadora, mas o caminho é bem longo para que Érika concretize o seu sonho. Na quinta-feira, diante das perigosas sul-coreanas, que sempre nos incomodam (derrotas em 2002, no Mundial, e em 2008, na estreia das Olimpíadas), é bom abrir o olho (não é piada) e começar o campeonato com vitória. Do contrário, o desejo da pivô titular ficará cada vez mais longe.

Basquete é Cultura: Mulheres à Cesta

O Bert me ligou meio assustado de São Paulo: “Bala, tem um livro aqui na Livraria Cultura sobre o basquete feminino brasileiro. Parece ser legal”. Meio desconfiado, corri para o site e consultei o “Mulheres à Cesta”, estupendo trabalho de Claudia Guedes (foto abaixo à direita), atualmente professora universitária em San Francisco (EUA), sobre os primórdios do basquete feminino brasileiro. Comprei e devorei o livro, que tem até entrevista com a agora cantora Simone, em menos de três horas (as histórias são sensacionais!). A obra de Claudia, entrevistada no “Basquete é Cultura” de hoje, é daquelas que merecem ser lidas e eternizadas, tão grande é o cuidado com a memória da modalidade e de um grupo de meninas que fez aquilo que parecia impossível: no Mundial de 1971, Maria Helena e companhia ficaram em terceiro lugar no torneio disputado em São Paulo. Perderam na semifinal por causa de um sorvete. Sim, um sorvete. Saiba mais lendo o papo com Claudia Guedes, que até hoje procura uma editora para lançar o seu relato cujo projeto gráfico também merece elogios.

BALA NA CESTA:
Como surgiu a ideia e qual foi o seu objetivo com o livro? Seu contato com o basquete feminino é tão longevo quanto a medalha de bronze do time de 1971?
CLAUDIA GUEDES: A idea veio de Ana Lucia, uma amiga minha. Estávamos conversando sobre a minha volta ao Brasil e ela me sugeriu que escrevesse uma história de um esporte brasileiro que ainda não tinha sido contada: a do basquetebol feminino. Passei a noite no computador pesquisando e não encontrei nada do Brasil a não ser no site da CBB. Daí decidi: iria escrever sobre “as meninas”. Comecei a minha pesquisa em 2002 ainda morando em Berkeley (EUA). Foi quando tive acesso aos documentos mais incríveis - jornais e revistas que falavam da primeira liga de basquetebol feminino do Estado de São Paulo.

-- Em seu livro, você conta um pouco sobre aquela geração maravilhosa e sobre o torneio em São Paulo. Alguma coisa te surpreendeu, te chamou a atenção? Poderia nos contar a história do sorvete?
-- O VI Campeonato Mundial, sediado em São Paulo, por si só deveria ser um livro. O que mais me intriga é o fato de o Mundial ter inspirado o público a olhar para o basquete feminino como uma esperança de vitórias num período de turbulência política. Quando fui entrevistar a Nilza (jogadora), ela me contou a história do jogo (no livro, Claudia conta todos os detalhes): elas ganhariam da Tchecoslováquia e iriam para a final até que um sorvete foi jogado na quadra, o Brasil levou uma falta técnica e perdeu a partida. Achei absurdo, mas assisti ao jogo e chorei muito. Elas iriam mesmo vencer. Acho que foi o sorvete mais detestado do país e creio que a pessoa que jogou nem se deu conta do resultado da molecagem.

-- No começo da década de 70, o esporte feminino ainda era encarado com desconfiança no país. As jogadoras daquela época foram heroínas para a geração?
-- Coloco o leitor para pensar:
1. Estas jogadoras já vinham jogando antes de 1970 e tinham como espectadores apenas as famílias e os namorados - coisa de dez a vinte pessoas por jogo;
2. Mesmo assim, elas lotaram o Ibirapuera em 1971 (aproximadamente 15 mil pessoas);
3. Motivados pela Copa do Mundo de futebol de 1970 ou não, os torcedores não apostaram no escuro. Estas atletas já tinham ganho inúmeros Sul-Americanos, estavam partindo para mais um Pan-Americano e tinham conquistado a permissão para as mulheres jogarem basquetebol nos Jogos Olímpicos, como está registrado no livro e comprovado com os artigos de jornais que foram publicados em Madrid.
Elas provaram que tamanho não era documento (a mais alta do grupo não tinha nem 1,85m). Elas formavam um time portador de técnica, tática e “graça”. Eu não sei para os outros brasileiros, mas estas 16 mulheres que entrevistei são, sim, minhas heroínas.

-- Em nossa conversa pelo telefone você falou que não fez o livro por você, mas sim por Maria Helena (foto à esquerda) e as outras meninas. Poderia falar um pouco sobre isso?
-- Este livro nunca me pertenceu - pertence a cada uma das entrevistadas. Eu fiz o livro para que as novas gerações nunca se esqueçam destas jogadoras. Elas são as pioneiras do basquetebol como esporte olímpico. Maria Helena, Heleninha, Marlene e outras fizeram do basquete a possibilidade educacional para muitas meninas que não teriam oportunidade de dignidade e respeito na sociedade brasileira. Esta história não pertence a ninguém mesmo, a nenhum historiador. Pertence a quem fez a história ser possível de ser contada com orgulho de ser mulher, brasileira e atleta.

-- Por fim, uma pergunta: o time feminino começa o Mundial da República Tcheca amanhã. Você irá acompanhar o torneio? Há alguma expectativa para a competição?
-- Torço muito pelo basquete feminino. Virei fã depois que escrevi o livro e vou torcer muito. Já assinei um canal para ser visto pelo computador, pois dou aulas na San Francisco State University e este semestre estou coordenando 13 projetos de pesquisa em Educação Física para crianças de escolas públicas. Minha expectativa vai além da competição: tenho a esperança de que o Brasil olhe para o basquete feminino como se olha para o futebol, para as corridas de Fórmula-1. Não é fácil chegar aonde estas meninas chegam. A beleza de tudo isto é reconhecer nesta nova geração a força da mulher brasileira que também estava presente na geração de 1970. Esta força estranha que diz o tempo todo: “é preciso ter raça, é preciso ter gana sempre!”.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Dois anos de blog

Acabo de receber um aviso no meu email: hoje, 21 de setembro, o Bala na Cesta completa dois anos de existência. Até agora, 2.309 posts por aqui. Mais virão.

Muito obrigado a todos,
Fábio Balassiano.

Os adversários no Mundial

Sempre atento, o Bert começou a destrinchar os adversários brasileiros no Mundial feminino. A Coreia do Sul foi o primeiro. Clique e leia.

Além do Horizonte

A ESPN reporta que Carmelo Anthony tem boas chances de não vestir mais a camisa 15 do Denver Nuggets. A franquia do Colorado já estaria, inclusive, ouvindo as ofertas de Knicks e Nets, dois dos maiores interessados em contratar os serviços do ala.

A questão de Carmelo é bem maior do que notar que dos cinco primeiros do Draft de 2003, quatro terão trocado de time caso Melo realmente não fique nos Nuggets. Mostra um pouco como esta geração pensa, ou gerencia, a carreira. No Denver Carmelo Anthony pode não ter chances de ser campeão realmente. Mas ao abrir frente para jogar no New York Knicks por um punhado de dólares, Melo deixa de lado a questão esportiva - ou alguém acha que os Knicks serão campeões em, no mínimo, cinco anos?

Pode ser que o cara seja um visionário, e eu aqui esteja dando um pitaco errado, mas o jogador (craque?) pode estar dando um passo para trás gigantesco em sua carreira.

O que eu espero do Mundial feminino

Ao contrário do Mundial masculino, que eu imaginava alguma coisa, não tenho a menor ideia do que pode acontecer com as meninas na República Tcheca a partir de quinta-feira. Sem querer ser clichê, mas pode vir uma semifinal ou uma eliminação na segunda fase. Tão simples quanto isso.

Se por um lado teremos a jovem Damiris (foto) como uma boa novidade e a pivô Érika pela primeira vez em quatro anos (em 2006, também no Mundial a pivô jogou no sacrifício), por outro contamos com um desentrosamento atroz. A própria Érika jamais jogou com Franciele, com quem deve formar a dupla de pivôs titulares. Nas alas, gosto da possível dupla Karen e Iziane (muita defesa e muito ataque), mas creio que Colinas opte por Helen-Iziane, deixando ainda mais desbalanceado o time.

Se pudesse arriscar, diria que o Brasil cai nas quartas-de-final, mas juro que não tenho o menor palpite a dar. Há muitas variáveis em jogo (condição física da Érika, percentual de arremessos da Iziane, desempenho de Franciele nos rebotes e na leitura de jogo, um novo técnico, o cansaço da Érika e o revezamento de Alessandra e Kelly no pivô), e de novo apelando do clichê eu digo: pode acontecer de tudo com a seleção feminina.

E você, tem algum palpite? A caixinha é toda sua!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Alto-falante

"As palavras de Florentino (Perez, presidente do Real Madrid) são como as do Papa. A gente escuta, não contesta e não se pode comentar. Simples"

A declaração é de Ettore Messina, em boa entrevista ao Marca. Lá, o italiano fala sobre a sua boa relação com Florentino Perez, presidente do Real Madrid, sobre o jovem elenco que tem em mãos e sobre a crise financeira pela qual os merengues passam.

Steve Nash e o Rei Pelé

Tal qual acontece com Baron Davis, Steve Nash decidiu investir no cinema. Ao lado de seu primo, lança, em breve, o filme "Into the Wind", documentário que narra a aventura do maratonista Terry Fox, que decidiu cruzar o território canadense mesmo com uma perna amputada devido a um câncer.

Os voos de Nash, porém, não param por aí. Fã de futebol, o canadense vê na Copa de 2014 a oportunidade de contar ao mundo um pouco da história de ninguém menos que Pelé.

Talvez Nash não saiba, mas um pouco da história de Pelé foi contada no filme "Pelé Eterno", de Aníbal Massaíni. Quem sabe o canadense não apresente uma versão diferente da mostrada por Massaíni.

A seleção precisa dela

Todo mundo sabe o que penso sobre Iziane (seu comportamento é abaixo da crítica e a considero uma ótima definidora de contra-ataque - e só). Mas não resta dúvida: ela evoluiu pacas de um ano para cá. Suas médias na WNBA saltaram (seus 16,9 pontos não são apenas a sua maior marca na liga, mas também 20% a mais do que a pontuação de 2009), seu aproveitamento de arremessos é excelente (44,4%), sua regularidade aumentou (nos últimos 17 jogos, em 15 a ala anotou mais de 11 pontos) e até a defesa de mano a mano cresceu.

Dito tudo isso, vamos ao que interessa: mais do que nunca a seleção brasileira precisa de Iziane. Com um elenco fraco e muito rodado (para quem não lembra, oito das 12 convocadas estiveram no Mundial de 2006 no Brasil), o sopro de esperança vem justamente da ala do Atlanta Dream. Querendo ou não, Carlos Colinas torna-se refém da única bola de segurança do time, da única atleta capaz de criar algo diferente dentro de quadra.

Se as bolas dela caírem, ótimo, temos alguma chance. Se não caírem, é bem capaz de o time não ficar nem entre os oito. Tudo exatamente como Iziane gosta.

domingo, 19 de setembro de 2010

Da Prancheta

24 - Será o número máximo de minutos que Yao Ming jogará por noite na próxima temporada da NBA. De acordo com Keith Jones, vice-presidente do Houston Rockets, a medida tem o objetivo de prevenir lesões do pivô chinês.

Olha a crise aí

Não demorou muito a respingar no basquete a crise econômica que a Europa enfrenta neste começo de século. O primeiro sinal veio de Rússia e Grécia, países que investiam pesado e se viram obrigados a reduzir seus orçamentos.

Agora foi a vez do Real Madrid fazer o mesmo, e por um motivo singelo. Desesperado para não deixar o Barcelona continuar vencendo, os merengues trouxeram o técnico Ettore Messina (que, aliás, já havia enfrentado problemas com a crise financeira no russo CSKA) e um punhado de reforços milionários. O resultado? Rombo de mais de €20 milhões na temporada passada. Muito, não?

Sem saber o que fazer, a diretoria do Real propôs, e os atletas e treinadores aceitaram: redução salarial na veia. Jorge Garbajosa, por exemplo, receberá 30% a menos, e não chiou. Messina, menos 15%. O sérvio Novica Velickovic, um dos destaques de seu país no Mundial, a mesma coisa.

Pelo visto, a crise chegou forte no basquete europeu.

Micaela e Tássia são cortadas

O espanhol Carlos Colinas anunciou ontem os últimos cortes da seleção feminina antes do Mundial feminino que começa na próxima semana na República Tcheca. Não permanecem com o grupo as alas Micaela (foto) e Tássia.

Assim, o elenco está formado com: Adrianinha, Helen, Karen, Iziane, Silvia Gustavo, Fernanda Beling, Palmira, Franciele, Damiris, Érika, Alessandra e Kelly.

E você, gostou dos últimos cortes? Gostou do grupo? Comente na caixinha!

sábado, 18 de setembro de 2010

Oportunidade para aprender

Passou meio despercebido, mas no próximo final de semana a NBA organiza, aqui no Rio de Janeiro, um evento com dez atletas e um técnico de Brasil, Argentina, México e Porto Rico.

Bruce Bowen, Ron Harper (foto) e Dee Brown estarão por aqui para a clínica, que contará com treinos, competições e uma série de seminário para os atletas.

Estarei por lá, e trago novidades no próximo final de semana. Confesso a ansiedade para entrevistar Ron Harper, armador tricampeão com o Chicago Bulls e bicampeão com os Lakers.

Alto-falante

"Não podemos deixar que a decepção com o resultado do Mundial nos empurre para tomarmos uma decisão fácil ou precipitada. Preciso analisar o que aconteceu na Turquia sem uma carga de emoção antes de decidir o que será feito"

A frase é de José Luis Sáez, presidente da FEB, falando sobre a manutenção do técnico Sergio Scariolo. A decisão deve sair nos próximos dias.

Os melhores da NBA

O site da ESPN começou a realizar uma interessante enquete para esquentar a próxima temporada da NBA. Perguntou aos leitores do site (clique aqui e veja) qual seria a equipe ideal de cada uma das franquias da liga.

Com as opções que eu tinha, escalei, por exemplo, o Lakers com Magic, Kobe (desculpe, Jerry West), James Worthy, Pau Gasol e Shaquille O'Neal (sorry, Kareem), e o Chicago Bulls com Norm Van Lier, Jordan, Pippen, Rodman e Artis Gilmore. E você, conseguiu colocar o seu time ideal?

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Um revés inesperado

Diante do Japão, eu sinceramente não esperava que a seleção feminina fosse ter algum problema. Mas teve, e teve muitos. Perdeu por 83-71 no Torneio da França há alguns minutos graças a uma atuação bem abaixo da crítica.

Foram 18 erros, 4/18 dos três pontos e uma péssima defesa do perímetro (9/14 para as asiáticas, que viram Ai Mitani converter cinco em seis tentativas). De bom, apenas os 17 pontos de Alessandra (foto) e os 12 de Damiris, além da confirmação do bom jogo de garrafão da seleção (48 pontos e 13 rebotes ofensivos ao todo).

A inconstância do time é um ponto que Carlos Colinas precisa tentar reverter rapidamente. Para se ter uma ideia, Karen e Franciele, tão bem ontem (16 e 14 pontos respectivamente), hoje somaram seis pontos, três erros e 2/12 nos tiros. Perder não é o problema, mesmo que seja do fraco time do Japão. O problema é que o time alterna demais, e esse pecado pode ser mortal no Mundial.